O esforço da China para adquirir armamentos de ponta e se estabelecer como uma potência militar global representa uma ameaça crescente à superioridade da defesa norte-americana, segundo a Agência de Inteligência de Defesa americana (DIA na sigla em inglês).
O primeiro relatório público sobre capacidade militar chinesa, publicado na semana passada, reflete a crescente preocupação interna de que os Estados Unidos não estejam agindo rápido o suficiente para responder à rápida ascensão militar de Pequim e seus esforços para dominar aliados americanos no Pacífico.
"Somente na última década, de operações de contra-pirataria no Golfo de Aden a uma presença militar expandida no mar da China Oriental e no mar da China Meridional, a China demonstrou disposição de usar (o Exército de Libertação Popular) como instrumento de poder nacional na execução do que eles chamam de missão histórica no novo século ", disse Dan Taylor, analista sênior da DIA, a repórteres no Pentágono.
A avaliação feita pela agência de inteligência do Pentágono vem no momento em que os militares dos EUA começam a se reconfigurar para enfrentar potências como a China e a Rússia depois de quase duas décadas concentradas em operações de contra-insurgência e antiterrorismo. Embora o então secretário da Defesa, Jim Mattis, tenha lançado uma nova estratégia nacional de defesa em janeiro de 2018, o Pentágono ainda está trabalhando para implementá-las. As autoridades prometem que a prova da transformação será visível na solicitação do orçamento 2020 do departamento no próximo mês.
O secretário interino da Defesa, Patrick Shanahan, tem se esforçado em colocar a China como um dos principais objetivos desde que se juntou ao Pentágono em 2017. Ex-executivo da Boeing, Shanahan supervisionou o pedido de orçamento de 2020, que ele chamou de "obra-prima" projetada para mostrar como as forças armadas dos EUA estão se reorientando em direção à China e à Rússia.
Expansão chinesa
O relatório da agência coloca uma nova ênfase no impacto do status emergente da China como um player militar global, após o estabelecimento de instalações permanentes de Pequim no Nordeste Africano e no Mar da China Meridional.
Segundo o documento, os líderes do Partido Comunista da China continuam focados em preservar a estabilidade interna, mas eles também estão cada vez mais preocupados com o domínio pela Ásia Oriental, impulsionado em grande parte pelo objetivo de Pequim de se reunificar com Taiwan.
A China tem procurado demonstrar primazia regional desafiando reivindicações de outras nações a ilhas disputadas no mar da China Oriental e no mar da China Meridional, e construindo seu primeiro porta-aviões, projetado e produzido localmente. Também desenvolveu novas capacidades de bombardeiros de longo alcance e construiu postos avançados militares em áreas disputadas, permitindo-lhe projetar o poder militar de novas maneiras.
Fora da Ásia, a China estabeleceu sua primeira base militar estrangeira, em Djibuti, e usou recursos navais para evacuar civis do Iêmen.
Pequim impulsionou seus avanços com aumentos massivos em seu orçamento militar, que cresceu a uma taxa média anual de 10% de 2000 a 2016, segundo o DIA. Embora a taxa de crescimento dos gastos da China tenha desacelerado, ela permanece robusta, em até 7% ao ano.
O relatório também informou que a China adquiriu tecnologia "por qualquer meio disponível" em seu longo esforço para modernizar suas forças armadas, um esforço que, segundo a DIA , colocou as forças armadas chinesas "prestes a começar a usar alguns dos sistemas de armas mais modernos do mundo".
Armas
Autoridades de defesa afirmam que duas áreas onde a China pode estar à frente dos Estados Unidos são os veículos deslizantes e os mísseis de médio e longo alcance.
O país de Xi Jinping está desenvolvendo capacidades adicionais que podem atacar e obstruir satélites. Um sistema de mísseis anti-satélite já foi testado em 2014, de acordo com o DIA, que disse que Pequim também está pesquisando e possivelmente desenvolvendo lasers anti-satélite.
No ciberespaço, os chineses podem estar combinando reconhecimento, ataque e defesa cibernéticos em uma organização conhecida como Força de Apoio Estratégico, que poderia centralizar comando e controle e reduzir a burocracia na guerra cibernética, de acordo com o relatório. Pequim identificou o controle do "domínio da informação" como um pré-requisito para alcançar a vitória na guerra moderna, segundo o relatório.
A China também está reformulando sua base industrial de defesa para ajudar a fornecer tecnologias de ponta às forças chinesas e, às vezes, vendê-las a outros. Entre as metas chinesas estão o desenvolvimento de mísseis hipersônicos, nanotecnologia, computação de alto desempenho, comunicações quânticas, sistemas espaciais, inteligência artificial, sistemas autônomos e robótica.