Entre 1999 e 2009, o número de crianças fora da escola foi reduzido em 33 milhões. Mas os avanços alcançados na última década podem ser ameaçados pelos efeitos da crise econômica mundial. O alerta é da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que lançou hoje (19) o Relatório de Monitoramento de Educação para Todos 2010.
O estudo que é lançado anualmente analisa o esforço mundial para alcançar os objetivos fixados no compromisso Educação Para Todos, assinado por mais de 160 países incluindo o Brasil - em 2000 na Conferência Mundial de Dacar.
De acordo com o relatório da Unesco, "a desaceleração do crescimento econômico, conjugada com o aumento da pobreza e das pressões exercidas sobre os orçamentos públicos dos países, pode comprometer os progressos realizados no âmbito da educação ao longo da última década".
O relatório aponta que é preciso olhar com mais cuidado para a região da África Subsaariana. A Unesco calcula que, em função da crise econômica, os investimentos em educação na região podem ser reduzidos em US$ 4,6 bilhões por ano entre 2009 e 2010.
A Unesco sugere que os países ricos aumentem suas doações para financiar os sistemas educacionais dos países pobres. O relatório estima que será preciso suprir um déficit de US$ 16 bilhões anuais para que seja possível atingir a universalização do ensino primário no mundo até 2015.
O relatório aponta que a iniciativa Fast Track, uma parceria criada em 2002 entre países doadores e em desenvolvimento para acelerar os progressos em educação, "não funciona e deve ser profundamente reformada".
"Concretamente os recursos desembolsados são muito baixos; a participação dos países em desenvolvimento no sistema de governança internacional é reduzida; a presença do setor privado é mínima e a assistência prestada aos países afetados por conflitos é considerada insuficiente", diz o texto.
O principal objetivo do Fast Track é assegurar que todas as crianças tenham acesso à educação primária obrigatória, gratuita e de qualidade até 2015.
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