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Ali Daei (à esquerda) vem sofrendo perseguições no Irã por ter apoiado os protestos por liberdade dos últimos meses no país
Ali Daei (à esquerda) vem sofrendo perseguições no Irã por ter apoiado os protestos por liberdade dos últimos meses no país| Foto: EFE/Leo La Valle

O porta-voz e diretor de relações públicas da Mahan Air, Amir Hosein Zolanvari, disse nesta terça-feira (27) que o avião que transportava a esposa e a filha do ex-jogador da seleção iraniana Ali Daei para Dubai pousou no Irã por ordem judicial.

“Foi uma ordem judicial e não tem nada a ver com a companhia aérea”, disse Zolanvari à agência de notícias local iraniana Rouydad 24, acrescentando que o avião não havia chegado a Dubai e ainda sobrevoava os céus iranianos.

Zolanvari afirmou que “eles podem pousar o avião com qualquer medida” e que não depende se é uma companhia aérea iraniana ou estrangeira.

E deu como exemplo o caso do líder de um grupo armado sunita chamado Abdulmalik Rigui, que o Irã também deteve com a aterrissagem compulsória do avião em que voava e que era da companhia aérea do Quirguistão; Rigui ia dos Emirados Árabes Unidos para o Quirguistão, mas o avião foi forçado a pousar em Bandar Abbas.

Zolanvari acrescentou que, por questões de segurança, “o piloto é obrigado a pousar o avião no primeiro aeroporto antes de deixar a fronteira”.

O avião da Mahan Air deixou na segunda-feira (26) o Aeroporto Internacional de Khomeini, em Teerã, com destino a Dubai, mas pousou no aeroporto da ilha de Kish, no sul do Irã, para devolver a filha e a esposa de Daei, que recentemente expressou seu apoio aos protestos dos últimos três meses no país persa.

Na segunda-feira, após a aterrissagem do avião, Daei expressou que tudo o que está acontecendo com ele é inacreditável e explicou que sua esposa e filha estavam indo para Dubai para uma viagem de alguns dias e que a data do voo de volta era para a próxima segunda-feira.

“O avião voltou com todos os passageiros de Dubai para deixar minha esposa e filha”, disse Daei à agência de notícias iraniana Isna, com espanto e críticas.

“Se fossem proibidos de sair do país, o site da polícia aduaneira deveria dizer”, destacou Daei, acrescentando que “ninguém me deu uma resposta sobre isto”.

Daei, que durante anos foi o maior artilheiro de seleções com 109 gols, título tirado por Cristiano Ronaldo em 2021, recusou o convite para ir ao Catar em solidariedade às famílias que perderam entes queridos.

No início deste mês, o ex-jogador do Bayern de Munique denunciou estar recebendo ameaças de morte por apoiar as mobilizações, e no último dia 5 a Justiça iraniana interditou o restaurante e joalheria de Daei.

Os protestos começaram no Irã após a morte sob custódia policial da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, que havia sido presa por usar o lenço islâmico de forma inadequada.

Nos mais de três meses de protestos, mais de 400 pessoas morreram e pelo menos 2 mil foram acusadas de vários crimes por sua participação nas manifestações, duas das quais foram executadas em dezembro.

A República Islâmica do Irã proibiu um número desconhecido de pessoas de deixar o país, incluindo alguns muito populares, que o denunciaram nas redes sociais.

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