Pesquisa
Escritor e roteirista, Ivan SantAnna também é piloto amador. Durante três anos, pesquisou o que aconteceu no 11 de setembro, data dos ataques ao World Trade Center. O resultado foi o livro Plano de Ataque, lançado em 2006, que mostra a trajetória dos homens que planejaram e executaram os atentados. SantAnna também é autor de Caixa Preta (2000) e Perda Total (2011), obras que reconstituem e revelam os bastidores de grandes desastres aéreos no Brasil.
O avião da Malaysia Airlines desaparecido há mais de uma semana teve sua comunicação deliberadamente cortada e o último sinal foi dado cerca de sete horas e meia depois da decolagem, disse ontem o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak. O tempo de voo até que a comunicação fosse desabilitada indica que o avião pode ter ido até o Casaquistão ou ainda até a região sul do Oceano Índico. Com isso, foram encerradas as buscas no sul do Mar da China, onde se concentraram os primeiros esforços.
A declaração do primeiro-ministro confirma as especulações de que o desaparecimento do Boeing 777 da companhia aérea da Malásia não foi acidental e mantém o foco das investigações nos tripulantes e passageiros do voo. "Claramente a busca pelo voo MH370 entrou em uma nova fase", disse Najib numa coletiva de imprensa transmitida pela televisão.
Najib ressaltou que os investigadores estão considerando todas as possibilidades quanto ao motivo pelo qual o avião foi desviado tão dramaticamente de seu curso, dizendo que autoridades não poderiam confirmar se houve sequestro.
Ontem, a polícia entrou no complexo onde reside o piloto do avião em Kuala Lumpur. Autoridades disseram que irão investigar pilotos como parte do processo mas não divulgaram nenhuma informação sobre o progresso. Segundo dados da Malaysia Airlines, o piloto Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos, trabalha para a companhia aérea desde 1981 e tem um total de 18.365 mil horas de voo.
Especialistas disseram que a pessoa que desativou a comunicação do avião e depois voou deve ser alguém com alto nível de conhecimento técnico e experiência de voo. Uma possibilidade levantada foi a de que um dos pilotos queria cometer suicídio.
Comunicação
O avião carregava 239 pessoas quando partiu num voo noturno de Kuala Lumpur para Pequim às 0h40 no dia 8 de março. A comunicação com controladores de voo civis foi cortada por volta de 1h20.
Investigadores têm no momento alguma certeza de que um dos sistemas de comunicação do avião foi desabilitado antes de a aeronave chegar à costa leste da Malásia, segundo disse o primeiro-ministro. Depois disso, alguém a bordo desligou o transponder, que envia sinais para o controle de tráfego aéreo civil.
Najib confirmou ainda que os radares da força aérea da Malásia continuaram recebendo sinais do avião, que virou para leste, cruzando a região peninsular e indo em direção a trechos do norte do estreito de Malaca. Autoridades disseram anteriormente que as informações desse radar não poderiam ser verificadas,
O primeiro-ministro disse ainda que o último sinal confirmado entre a aeronave e o satélite chegou as 8h11, sete horas e meia depois da decolagem. Isso é mais de cinco horas depois do tempo anterior dado pelas autoridades da Malásia como o do último contato.
Segundo Najib, essa última comunicação indica que a aeronave pode ter tomado dois "corredores" possíveis. Um deles pelo norte seguindo até o Casaquistão e Turcomenistão, e outro pela Indonésia até o sul do Oceano Índico. Ele declarou que as buscas ao sul do Mar da China, onde o primeiro contato se perdeu, foi encerrada.