No primeiro pronunciamento público desde seu surpreendente retorno do exílio, o ex-ditador haitiano Jean-Claude Duvalier ofereceu suas condolências na sexta-feira (21) àqueles que sofreram abusos durante seu mandato.
Mas Duvalier, 59 anos, que enfrenta acusações de corrupção e crimes contra a humanidade registradas após seu ressurgimento inesperado em sua terra natal no domingo, não chegou ao ponto de pedir desculpas claras pelos assassinatos e torturas ocorridas nos seus 15 anos no poder entre 1971 e 1986.
"Aproveito esta oportunidade para expressar mais uma vez minha profunda tristeza por aqueles de meus caros concidadãos que sinceramente vêem a si mesmos como vítimas sob meu governo," disse Duvalier.
Envergando um terno azul escuro e parecendo frágil, fez seus comentários a partir de uma declaração escrita que leu para os jornalistas em uma residência particular nas colinas que circundam a capital Porto Príncipe, um encrave da pequena mas poderosa elite haitiana.
O país mais pobre do hemisfério sul tem fervilhado com especulações sobre as razões da volta de Duvalier desde que ele retornou da França no final de semana passado.
O fato se somou à incerteza política alimentada pelo impasse eleitoral no Haiti, que ainda se debate com uma epidemia de cólera e esforços lentos para se recuperar de um sismo catastrófico ocorrido um ano atrás.
Ecoando os breves comentários feitos em sua chegada, Duvalier declarou ter retornado "para mostrar solidariedade neste período extremamente difícil da vida da nação."
À parte uma vaga referência a ajudar "a reconstruir o país," ele entretanto não foi capaz de detalhar nenhuma causa ou iniciativa.
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