Ao deixar o cargo, há quatro anos, Michelle Bachelet deu lugar a Sebastián Piñera, primeiro político da direita a presidir o país desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.
Ontem, Bachelet voltou ao poder numa cerimônia repleta de simbolismo de redenção da esquerda perseguida por Pinochet.
Ela recebeu a faixa presidencial das mãos de Isabel Allende, primeira mulher a presidir o Senado e filha de Salvador Allende, que, sitiado no Palácio de la Moneda durante o golpe comandado por Pinochet, se suicidou em 11 de setembro de 1973.
Bachelet, por sua vez, também perdeu o pai, o general Alberto Bachelet, para os porões do regime, e agora volta ao poder tendo como principal meta a reforma da Constituição chilena, herança da ditadura.
Bachelet leva a esquerda de volta ao poder com a Nova Maioria, coalizão que abrange os partidos que antes formaram a Concertação, que governou o país entre 1990 e 2010, e o Partido Comunista, que volta ao governo pela primeira vez desde o golpe militar.
A nova presidente deverá cumprir 50 metas estabelecidas em campanha para os primeiros 100 dias de mandato, entre elas as reformas tributária e educacional, além da revisão da Constituição.
Dever
"Tenho consciência e responsabilidade do programa que deve ser cumprido", disse Bachelet ao deixar o Congresso, em Valparaíso.
A cerimônia foi acompanhada por chefes de Estado e delegações de mais de 20 países. Além da presidente Dilma Rousseff, compareceram a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o presidente do Uruguai, José Mujica, o mais assediado pelos chilenos. A grande ausência foi a do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Ele cancelou a viagem devido ao agravamento da violência nos protestos e da crise que castiga o país.
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