Madri Uma nova estratégia para combater o HIV utiliza as bactérias do iogurte como veículo de um fármaco que evita que a infecção progrida. As bactérias Lactococcus lactis, uma das mais beneficentes do iogurte, foram modificadas geneticamente para libertar um fármaco que bloqueia a infecção do agente que produz a aids.
Os criadores desta técnica, que está sendo testada nos laboratórios da Universidade de Brown, nos EUA, acreditam que se transformará em um método barato para administrar a medicação antiaids diretamente ao lugar mais eficaz, e inclusive tornará possível reduzir as doses de remédios.
A equipe da Universidade de Brown modificou a composição genética da bactéria para que produza cianovirina, um fármaco que previne a infecção do HIV em macacos e células humanas. A administração desta vacina por via oral tem vantagens sobre as injetadas, que costumam ter problemas para alcançar áreas periféricas do organismo, como as mucosas ou a vagina.
Em condições normais, a Lactococcus lactis produz ácido láctico e, além do queijo e iogurte, também se encontra em partes do corpo humano como o intestino e a vagina, onde impede a proliferação de outras bactérias nocivas.
Para investigar como atalhar as resistências das bactérias, estão sendo pesquisados os microorganismos do solo, que reproduzem mecanismos de resistência idênticos aos que se encontram no meio clínico.
Mas a pergunta é como as bactérias conseguem se livrar da ação dos fármacos, em um fenômeno que se conhece como resistência antibiótica. Uma equipe de pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, propõe uma inovadora resposta a esta incógnita científica. Os pesquisadores descobriram que as bactérias que vivem no solo apresentam resistência aos antibióticos, utilizando os mesmos mecanismos com que os microorganismos que infectam os pacientes geram essas resistências.
As bactérias encontradas no solo constituem um elemento essencial no tratamento das doenças infecciosas, já que cerca de dois terços dos antibióticos são elaborados com um determinado tipo de microorganismo, os actinomicetos, que costumam ser encontrados no solo, os abonos e lugares similares.
Os pesquisadores analisaram 480 cepas de bactérias do solo procedentes de diversas localizações e quando foram colocadas perante concentrações elevadas de fármacos, reforçaram seu nível de resistência a antibióticos como a vancomicina, um dos mais utilizados e freqüentes na indústria farmacêutica. Segundo os analistas, "a similitude entre a resistência associada ao meio clínico e a do meio natural frente à vancomicina revela o interesse de estudar as bactérias do solo para antecipar suas respostas na clínica".
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