Aos pés da torre residencial Bal­­zac, em ruínas, um garoto de 11 anos de idade sangrou até a morte, em uma tarde de verão de 2005, com balas espalhadas em seu co­­ração e pescoço. Nicolas Sarko­­zy, na época ministro do Interior e agora presidente, chegou no dia seguinte ao violento subúrbio de Paris, fazendo a célebre promessa de "limpar" a área com uma Kär­­cher, marca de lavadoras de alta pressão.

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Seis anos depois, as drogas e a violência não deixaram o bairro, chamado de 4000, um enorme complexo cinza de projetos de habitação que, por décadas, foi um símbolo para os problemas dos subúrbios pobres da França.

Agora, o Balzac foi esvaziado e um braço mecânico em forma de aranha o demole a cada dia. A alta torre de concreto e azulejos manchados, que já teve 183 metros de comprimento e 16 andares de al­­tura, será substituída por um conjunto de unidades menores, parte de um plano nacional de US$ 60 bilhões para renovar um dos bairros mais violentos da França.

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Não é a primeira vez que tais ações ocorrem no 4000. Governos vêm demolindo e reconstruindo este bairro há 25 anos, na esperança de que uma nova arquitetura e novas teorias de como dar habitação aos pobres resolvam os problemas aqui.

Residentes e autoridades lo­­cais, entretanto, têm poucas ex­­pectativas de que novas paredes e calçadas renovadas, quaisquer sejam suas configurações, levem a uma reforma mais profunda.

O Balzac será a quinta torre que vai cair. O Ravel e o Presov vieram abaixo em 2004. Uma primeira torre, a Debussy, foi implodida em 1986; o evento foi coberto pela televisão nacional e proclamado como o começo de uma ampla reforma urbana.

Erguido nos anos 1960, o 4000 estava destinado a ser uma utopia, uma experiência de engenharia social que racionalizaria as vidas de trabalhadores imigrantes que eles abrigariam.

A teoria da época, trazendo a filosofia arquitetônica de Le Cor­­busier, sustentava que áreas residenciais deveriam permanecer separadas de estradas e locais de trabalho, tendo o conjunto sido construído como um tipo de ilha; residentes marchavam através de um campo lamacento para chegar à estação de trem adjacente.

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O Balzac se tornou ruínas em questão de uma década. Cons­­truídas com poucos recursos, as unidades tinham vazamentos e desmoronaram. Há pouco tempo, os elevadores raramente funcionavam. Os ratos se instalaram.