Demandas
O bom desempenho da economia e a constante melhora do nível de vida de uma grande parte dos russos diminuíram, por enquanto, as demandas democratizantes da classe média que cresceu no calor da prosperidade das grandes cidades. Para 2014 a maioria dos analistas russos acreditam que a economia crescerá cerca de 1,4%.
O ano que terminou será lembrado na Rússia como "o ano das oportunidades perdidas". A economia cresceu quase três vezes menos do que o previsto e o modelo social do presidente Vladimir Putin, baseado em subsídios para amplas camadas da população, foi colocado em xeque.
Alheio ao repicar dos sinos que já avisavam de uma mudança de ciclo na segunda metade do ano anterior, o governo russo entrou em 2013 com uma previsão otimista de que a economia cresceria 3,7%. Com a passagem dos meses e a mudança na liderança do Ministério da Economia, a previsão foi diminuindo, primeiro para 2,4%, depois para 1,8% e finalmente, já à beira de dezembro, para 1,4% do resultado final.
Já não são só os analistas estrangeiros que recomendam à Rússia reformas estruturais e diversificadoras, mas também a maioria dos analistas próprios, que lamentam a incapacidade de políticos e empresas de aproveitarem a ainda persistente bonança nos mercados da energia que o país exporta para meia Europa.
Enquanto essa Europa já dá sinais de recuperação, conseguida em parte graças a dolorosas e discutidas reformas, a Rússia não vislumbra nenhuma melhoria para 2014. Algo que faz perigar o estado social construído pelo presidente Putin, graças à abundância dos petrodólares na última década.
Reformas
O próprio Putin e seu criticado afilhado político, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, pediram aos seus ministros no começo do ano para que endireitassem o barco, achando ser ainda possível superar a inércia sem enfrentar reformas impopulares e, principalmente, repudiadas pelo líder do Kremlin.
Mas, fiel a sua política populista, Putin deixou claro que a má conjuntura econômica "não é desculpa para rever" as custosíssimas promessas sociais que ele mesmo realizou durante a campanha eleitoral em 2012 e que contemplam fortes altas de salários e subsídios que muitos analistas consideraram que ameaçavam a estabilidade orçamentária.