Os cidadãos sírios, ou pelo menos uma parte deles, caso se confirmem as previsões de baixa participação, elegerão amanhã e na segunda-feira os membros do Parlamento, num pleito marcado pela falta de debate político.
A campanha apresentou pouca iniciativa por parte dos candidatos, e os principais temas colocados pela oposição, como a reforma política, os direitos humanos e as questões curdas e libanesas, ficaram de fora da agenda.
Também foi esquecida a discussão sobre eventuais alianças entre a Síria e o Irã e sobre a política em relação a Israel.
Os eleitores escolherão seus representantes na Assembléia do Povo (Parlamento) entre dez mil candidatos.
O Baath, partido laico e de teor socialista do Governo, e seus aliados têm reservados 167 assentos dos 250 que compõem a câmara síria.
O restante deve ser repartido entre os deputados "independentes", principalmente empresários e industriais, que na prática não apresentarão políticas de oposição.
A campanha foi marcada pelos grandes cartazes eleitorais (até 6 milhões, segundo um estudo), que em sua maioria pertence a esses últimos candidatos.
Nas fotografias, os ricos empresários aparecem sorridentes, de terno e gravata, mas sem nenhum tipo de slogan ou proposta de campanha.
Apenas enfeitam os cartazes com lacônicos "Vote" e, no melhor dos casos, a promessa de trabalhar pelo bem-estar do país.
As candidaturas independentes estão permitidas na Síria desde 1990, em uma tentativa de trazer legitimidade e representatividade à Assembléia do Povo.
Os colégios eleitorais funcionarão no domingo das 7h até as 20h, e na segunda-feira das 7h às 14h.
Cerca de 12 milhões de sírios compõem o censo eleitoral, que exclui expatriados, militares e membros dos corpos policiais.
Como em outras eleições, os municípios sírios se encheram de barracas dos candidatos nas quais os eleitores são convidados para comer e beber.
Mas o que os eleitores não encontram nesses "stands" é informação sobre as intenções políticas e econômicas dos candidatos caso eles cheguem a ocupar uma cadeira parlamentar.
Os partidos da oposição sírios, radicados ou não no país, pediram o boicote às eleições por considerá-las baseadas em princípios antidemocráticos.
O Parlamento eleito se encarregará de aprovar a candidatura de Bashar al-Assad à Presidência da Síria, que deverá ser referendada em consulta popular em junho.
"O sistema monopartidário do Baath e os esforços para eliminar as demais forças políticas fecharam o caminho para a democracia", disse o porta-voz da oposição Hassan Abdul Azeem.
Azeem é uma das poucas vozes críticas ao regime sírio, ousando fazer declarações públicas num momento em que a dissidência e os ativistas pró-direitos humanos estão sendo submetidos a uma pressão sem precedentes.