Londres (AFP) Familiares do brasileiro Jean Charles de Menezes ficaram indignados ontem diante de mais um dado que depõe contra a polícia de Londres, acusada de exagerar na violência quando matou o eletricista de 27 anos por engano, em julho, numa operação de prevenção a atentados terroristas. Os policiais usaram munição proibida na ação em que Jean levou sete tiros na cabeça e um no ombro. A polícia matou o jovem, confundido com um camicase, com balas "dum dum", proibidas por convenções internacionais, segundo a edição de ontem do jornal The Daily Telegraph.
Alessandro Pereira, um primo de Jean que vive em Londres, disse que a família já sabia da informação e que sente-se atacada pelo fato de tantas balas terem sido disparadas uma única bala "dum dum" seria suficiente para matar Jean. A própria polícia admitiu o uso da munição, contou à BBC. "Estou chocado e indignado..."Como a polícia britânica pode usar uma munição que o exército está proibido de usar?"
Segundo o Daily Telegraph, foi a primeira vez em que as forças de segurança britânicas empregaram esse tipo de munição. Esse tipo de bala foi proibido pela Declaração de Haia em 1899, tem ponta oca, o que faz com que ela se decomponha em estilhaços ao entrar no corpo, provocando dano máximo à vítima.
Criada pelos britânicos durante as guerras coloniais, a bala, desenhada pelo capitão Bertie-Clay, ganhou esse nome por ter sido fabricada no arsenal de Dum-Dum, perto de Calcutá, no final do século 19. A Scotland Yard decidiu utilizar esse tipo de bala nas operações antiterroristas porque elas causam poucos danos materiais, explicou o jornal. A polícia afirmou, por sua vez, que a legislação britânica não proíbe o uso das balas "dum-dum" e o Ministério do Interior confirmou que os policiais podem utilizar a munição que "considerarem apropriada para enfrentar suas necessidades operacionais".
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