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A seriedade das conclusões científicas sobre a mudança climática leva a comunidade internacional a assumir suas responsabilidades e ela não pode falhar, preveniu sábado o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em discurso no encerramento da 27ª reunião plenária do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, IPCC, em Valência, na Espanha.

Ban Ki-moon denunciou a situação da Amazônia, sufocada pelo aquecimento global, e pediu ações concretas para conter as mudanças climáticas.

"A comunidade científica falou hoje em uníssono, e espero que os políticos façam o mesmo", por ocasião da próxima Conferência das Nações Unidas sobre o clima em Bali, declarou Ban Ki-moon, durante a publicação oficial do quarto relatório elaborado pelo IPCC destinado aos dirigentes do mundo.

Os especialistas do IPCC, patrocinados pela ONU, adotaram uma síntese de vinte páginas que servirá de referência para os próximos anos em termos de mudança climática, a poucas semanas do encontro da Indonésia.

A conferência de Bali sobre as mudanças climáticas "não pode fracassar", insistiu Ban Ki-moon. "Não podemos nos permitir" isto, afirmou, lembrando que a ameaça de aquecimento global é "o desafio definitivo de nossa era".

Os ministros do Meio Ambiente de todo o mundo e seus especialistas se reunirão de 3 a 18 de dezembro em Bali para acertar os passos que darão continuidade ao Protocolo de Kyoto, cuja primera etapa termina em 2012.

"Bali deve definir o calendário destas negociações e espero que elas sejam encerradas até 2009", concluiu Ban Ki-moon que também pediu aos políticos que andem rápido, devido a sua "responsabilidade histórica" no superaquecimento do planeta.

No entanto, "se os países em desenvolvimento não se somarem aos esforços, nenhum acordo será viável", insistiu, num momento em que a China torna-se, agora em 2007, o primeiro emissor mundial de CO2, na frente dos Estados Unidos.

O secretário-geral da ONU destacou que a mudança climática afetará com mais eficácia os países em desenvolvimento: o degelo provocará inundações nas zonas montanhosas e escassez de água na Ásia Meridional e na América do Sulo, causando também um retrocesso na economia dos países menos desenvolvidos.

O presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, defendeu uma "nova ética, pela qual cada indivíduo, diante da gravidade da ameaça, começa a modificar seus hábitos e seu estilo de vida".

Ele também insistiu sobre as conseqüências dramáticas a que são expostos os Estados insulares e centenas de milhões de habitantes dos grandes deltas - como Bangladesh atingida nesta semana pelo ciclone Sidr.

No entanto os Estados Unidos - que não ratificaram Kyoto - recusam todo o objetivo que obrigue a redução de suas emissões.

Um de seus negociadores, Harlan Watson, contestou sábado o caráter "irreversível" das conseqüênciass do aquecimento, estimando que "não há definição científica precisa" dos perigos considerados.

Em uma "síntese" destinada aos "dirigentes do mundo", o IPCC, que semanas atrás obteve o Prêmio Nobel da Paz, prevê um aumento das temperaturas "de entre 1,8º e 4ºC", junto com uma série de desequilíbrios que vão afetar em primeiro lugar os países pobres.

As conclusões adotadas formalmente neste sábado, advertem para "o risco de efeitos irreversíveis e repentinos".

"Frear ou modificar essas ameaças é o desafio de nosso tempo", insistiu o secretário-geral das Nações Unidas.

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