O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira (25) que as potências mundiais se unam com urgência para pôr fim ao derramamento de sangue na Síria, recordando a inércia da ONU em 1995 enquanto ocorria o genocídio na cidade bósnia de Srebrenica.
Encerrando uma viagem de uma semana pelos países que formavam a antiga federação da Iugoslávia nos anos 1990, Ban fez um apelo ao mundo em discurso no Parlamento bósnio.
Em Srebrenica, disse ele, "as Nações Unidas não estiveram à altura de sua responsabilidade. A comunidade internacional fracassou em evitar o genocídio que ocorreu. Muitos homens e meninos morreram em Srebrenica, desnecessariamente, de forma selvagem."
"É por isso que, aqui, no coração da Bósnia-Herzegovina, faço um apelo ao mundo: não adiem. Unam-se. Ajam. Ajam agora a fim de parar a matança na Síria."
Enquanto falava, o Exército sírio voltava suas forças para a segunda principal cidade do país, Aleppo, atacando rebeldes com artilharia e helicópteros, afirmaram ativistas da oposição, na insurreição contra o presidente Bashar al-Assad que já dura 16 meses.
O Conselho de Segurança da ONU, dividido entre as potências do Ocidente, de um lado, e Rússia e China, de outro, tem se provado ineficaz para interromper o conflito que, segundo ativistas, já provocou a morte de ao menos 18 mil pessoas.
Cerca de 100 mil pessoas morreram na guerra da Bósnia entre 1992 e 1995, enquanto as potências mundiais divididas hesitavam em intervir no que consideravam um complexo conflito étnico.
Eles agiram apenas depois do massacre de julho de 1995 em Srebrenica, quando os holandeses da missão de paz da ONU abandonaram o que foi designado como "zona de proteção" para o avanço das forças servo-bósnias, que mataram 8 mil homens e meninos muçulmanos e jogaram seus corpos em valas comuns.
O tribunal de crimes de guerra da ONU em Haia afirmou que o crime, o pior massacre em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, constituiu um genocídio. A Bósnia continua profundamente dividida, ainda assombrada pelas questões étnicas.
"A ONU está fazendo tudo o que pode", disse Ban sobre seus esforços em relação à Síria. "Mas a ação, uma ação significativa, dependerá dos esforços concertados da comunidade internacional. Sem união, haverá mais derramamento de sangue. Sem união, mais inocentes irão morrer".
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