Um embargo para frear a entrada de armas na Síria e um novo esforço de negociações de paz são os dois pontos principais do plano que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apresentou nesta sexta-feira (20) para terminar com o conflito no país árabe.

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Em discurso na "Asia Society" de Nova York, Ban citou seis grandes áreas de atuação perante uma guerra que se prolonga há mais de três anos, que custou a vida a 150 mil pessoas e que deslocou metade da população do país.

"Precisamos agir", disse o diplomata coreano, que advertiu que a Síria é cada vez mais um "Estado fracassado" e se mostrou muito crítico com os que acreditam que não se pode fazer muito mais do que armar as partes e ver como os combates prosseguem.

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"É essencial deter o fluxo de armas no país. É irresponsável por parte das potências e dos grupos estrangeiros continuar dando apoio militar às partes na Síria que estão cometendo atrocidades", disse Ban.

Para isso, o representante pediu ao Conselho de Segurança a imposição de um embargo de armas e chamou os países a aplicá-lo a título individual no caso de o principal órgão de decisão da ONU não alcançar um acordo.

Até o momento, a Rússia - o principal aliado do regime sírio e um de seus grandes fornecedores de armamentos - se opôs no Conselho junto à China a maioria das propostas do Ocidente, que dá respaldo à oposição.

Ban reconheceu que deter a provisão de armas cria o "risco de congelar o desequilíbrio" atual, levando em conta a potência armada do regime.

No entanto, defendeu que "a guerra na Síria não se pode ganhar militarmente", por isso as partes têm que se sentar frente a frente de novo na mesa de negociações.

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O principal grupo rebelde, a Coalizão Nacional Síria, afirmou em comunicado imediatamente depois do discurso de Ban que para conseguir que Damasco negocie é necessário reforçar a pressão contra a Síria dando "armamento sério e treino" às forças de oposição moderadas.

O plano do secretário-geral da ONU passa por promover o mais rápido possível um novo processo de diálogo político com o comunicado de Genebra estipulado há quase dois anos como base.

Nesse sentido, o secretário-geral indicou que nomeará "em breve" um novo enviado especial para a Síria, que terá o mandato para trabalhar nessa solução política, mas "não uma varinha mágica", por isso pediu compromisso a todas as partes, às potências internacionais e aos países vizinhos.

Ban comemorou os recentes contatos entre Irã e Arábia Saudita e confiou em que as duas potências regionais trabalhem para frear os choques entre comunidades na Síria, no Iraque, no Líbano e em outros países.

O contágio da guerra síria a outros países da região, em particular o Iraque, foi também abordado pelo secretário-geral da ONU, que advertiu quanto aos perigos de uma possível campanha de ataques aéreos para deter o avanço dos extremistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), como estão considerando os Estados Unidos.

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"Os ataques militares contra o EIIL poderiam ter um efeito pouco durável ou inclusive ser contraproducentes se não houver movimentos rumo a um governo inclusivo no Iraque", disse Ban.

O diplomata avisou que o grupo está tentando mostrar que "os governos de Bagdá, Irã e Estados Unidos estão trabalhando juntos para apoiar as atrocidades contra os sunitas", uma percepção que "os ajudaria a mobilizar apoio da maioria de sunitas que não compartilham a agenda extremista".

Por isso, considerou "essencial que o governo do Iraque e seus parceiros façam todo o possível para evitar cair nessa armadilha".

O plano de Ban procura responder, além disso, à situação humanitária na Síria, pedindo à comunidade internacional que aumente de forma importante sua ajuda e às partes que terminem os ataques contra cidades.

Também defendeu que se garanta que os crimes mais sérios cometidos durante a guerra sejam julgados e chamou o Conselho de Segurança a se unir para referir a situação na Síria à Tribunal Penal Internacional (TPI), ao tempo que urgiu a completar o processo de destruição das armas químicas sírias.

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