O governo da Tailândia descartou hoje adiar indefinidamente as eleições gerais de 2 de fevereiro, como propôs umas horas antes a Comissão Eleitoral diante do clima de confronto que vive o país com os protestos antigoverno. O vice-primeiro-ministro interino, Pongthep Thepkanchana, indicou pela televisão que o pleito devem continuar porque não há nenhuma legislação que permita adiá-los. A legislação tailandesa prevê um prazo de 60 dias para realizar eleições gerais após a dissolução do Parlamento, ação que o rei Bhumibol Adulyadej sancionou no último dia 9. Um policial morreu hoje em Bancoc nos enfrentamentos entre as forças de segurança e manifestantes que tentam impedir que a Comissão Eleitoral realize as eleições. No total, 66 pessoas foram hospitalizadas, entre elas um manifestante em estado grave, segundo o último balanço das equipes de socorro. Alguns estão feridos por balas de borracha, porém a maioria foi atendida por inalar gás. A comissão fez hoje em um estádio da capital o sorteio da posição dos partidos políticos nas cédulas das eleições. A mobilização antigovernamental liderada por Suthep Thaugsuban, ex-vice-primeiro-ministro do Partido Democrata entre 2008 e 2011, quer impedir a realização das eleições e exige antes a implementação de reformar políticas por meio de um conselho popular não eleito. Ainda que não tenham conseguido impedir o sorteio, a Comissão Eleitoral pediu ao governo o adiamento do pleito por considerar impossível garantir a normalidade do processo. "A Comissão Eleitoral diz que as eleições provocarão violência. O governo pensa, ao contrário, que é o adiamento do pleito que trará violência", declarou Thepkanchana. Crise política Há semanas, os manifestantes exigem a renúncia da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, acusada de ser um fantoche de seu irmão, Thaksin Shinawatra, auto-exilado em Dubai para escapar de uma condenação a dois anos de prisão por corrupção. Os opositores querem que o governo seja substituído por um "conselho do povo" não eleito, durante 18 meses, e que posteriormente sejam realizadas eleições. Para colocar fim à crise, Yingluck convocou legislativas antecipadas para o dia 2 de fevereiro, mas a oposição, que há 20 anos não vence, anunciou na semana passada que as boicotará. Yingluck propôs ontem a criação de uma comissão para realizar amplas reformas no país, com o objetivo de acalmar os protestos que começaram em outubro e aumentaram de intensidade no final de novembro com a ocupação de ministérios. Yingluck, que se encontra em uma viagem pelo norte do país, esclareceu que o novo organismo não fará parte do governo e entre suas tarefas estará apresentar propostas constitucionais, econômicas e sociais para assegurar a transparência do sistema eleitoral e a prevenção e eliminação da corrupção nas agências públicas.
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