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Não é surpresa que os mais altos oficiais do Exército americano chamam Obama de "Cool Hand Luke"*.

Após dar ordens para membros da equipe Seal da Marinha norte-americana executarem o plano ousado de, sejamos honestos, matar Osama bin Laden, Barack Obama vestiu seu smoking e fez um discurso descontraído na noite de sábado para um salão repleto de jornalistas e estrelas de Hollywood em Washington.

Se pudéssemos ver todas essas ações acontecendo em tempo real, tudo teria o mesmo efeito dramático que a sequência no filme favorito do presidente, O Poderoso Chefão, em que Michael Corleone age calmamente como padrinho no batismo do sobrinho, mesmo sabendo que, na mesma hora, seus capangas estão desferindo um sangrento ataque a criminosos rivais.

O aspecto frio e meticuloso do presidente às vezes acaba o distanciado do povo em momentos de crises borbulhantes. Todavia, durante a tão esperada eliminação do Inimigo Público Número 1, tais qualidades serviram Obama muito bem.

A época foi ótima, visto que a ação ofuscou os comentários infelizes feitos pelo conselheiro de Obama a Ryan Lizza, do New York Times, descrevendo o presidente como um John Wayne incentivando um país insultado e castigado a sair da ponta da mesa global. O conselheiro não identificado descreveu a doutrina de Obama sendo utilizada na Líbia como uma "liderança pela retaguarda", o que soa um tanto patético.

Todavia, Obama demonstra agora que é capaz de liderar na direção certa e que, ao contrário de Jimmy Carter, ele sabe como e quando pedir para que um helicóptero de resgate entre em cena. Ele ainda disse que aqueles que o chamam de fraco estão enganados e que há muitos músculos por baixo de sua superfície tímida.

Dick Cheney e Sarah Palin, que foi grosseira a ponto de nem mencionar o nome de Obama em seu discurso de congratulações, tentaram pegar todo o crédito e transferi-lo para a administração Bush.

Todavia, não restam dúvidas de que a justiça para as famílias vítimas dos ataques de 11 de setembro chegou agoniadamente atrasada devido ao desvio megalomaníaco que Bush fez até Bagdá.

O teimoso Donald Rumsfeld, obcecado com evidências pequenas, não teve o tutano necessário em Tora Bora para capturar Bin Laden após a invasão do Afeganistão.

Para justificar a "preferência" por Saddam e a remoção das tropas para o Iraque, Bush e seu círculo de amigos pararam de mencionar o nome de Bin Laden e minimizaram sua importância. Quando a Casa Branca para de se concentrar em algo, a CIA começa.

A busca esfriou de tal forma que, em 2005, a unidade da CIA responsável por localizar Bin Laden foi desmembrada e redirecionada. Quatro anos depois de o monstro ter derrubado as torres gêmeas, Bush finalmente colocou mais agentes em campo no Afeganistão e Paquistão.

No discurso que realizou a partir da Sala Leste na noite de domingo, Obama deixou claro que havia espantado fantasmas.

"Logo depois que tomei posse, encarreguei Leon Panetta, diretor da CIA, para que a prisão ou morte Bin Laden se tornasse a maior prioridade em nossa guerra contra a Al-Qaeda", disse o presidente.

A incrível narrativa feita pelos jornalistas do The Times, Mark Mazzetti, Helene Cooper e Peter Baker, começa com agentes da CIA se apoderando das placas do carro do mensageiro de maior confiança de Bin Laden em Peshawar, a última cidade misteriosa, famosa por segredos e mistérios. Ela é conhecida pelos seus bazares, especialmente o Bazar dos Contadores de Histórias.

E é exatamente aí que Obama encontra-se atualmente. Ele terá de vasculhar o bazar das enganadoras histórias do Paquistão e lidar com legisladores irritadíssimos por terem dado mais de US$ 20 bilhões desde os ataques de 11 de setembro a um país onde Bin Laden estava confortavelmente instalado.

*Cool Hand Luke (Rebeldia Indomável, no Brasil) é um filme estadunidense de 1967, do gênero drama, dirigido por Stuart Rosenberg e estrelado por Paul Newman.

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