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Terrorismo

Barbaridades feitas pelo Boko Haram agora chamam mais atenção. Por quê?

Mulher grita durante vigília em Abuja, a capital nigeriana, realizada para pedir a libertação das estudantes sequestradas há mais de um mês em Chibok | Joe Penney/Reuters
Mulher grita durante vigília em Abuja, a capital nigeriana, realizada para pedir a libertação das estudantes sequestradas há mais de um mês em Chibok (Foto: Joe Penney/Reuters)

Ataques contra locais públicos, com explosões que deixam dezenas e às vezes centenas de mortos e feridos, sempre pelas mãos do grupo radical islâmico Boko Haram, se tornaram uma espécie de rotina trágica na Nigéria.

Segundo o relatório "O Que É o Boko Haram?", produzido pelo United States Institute of Peace (Instituto de Paz dos Estados Unidos), desde agosto de 2011, a milícia comete atentados quase que semanalmente. Alguns desses atos receberam certa atenção da mídia internacional, mas foi o sequestro de mais de 200 meninas que fez o grupo virar notícia de peso e entrar no radar das potências mundiais.

Malala

A ação também remete a outro caso emblemático, da adolescente paquistanesa Malala. O Taleban tentou matá-la por defender que mulheres tenham o direito de estudar, mas ela sobreviveu ao ataque e teve seu nome cogitado para o Nobel da Paz.

A grande quantidade de meninas sequestradas agora na Nigéria e ameaças de que elas seriam vendidas, pois "há mercado para isso", nas palavras do líder do grupo, Abubakar Shekau, também mexeram com a opinião pública.

Método

"Se o objetivo era chamar atenção, sem dúvidas os terroristas conseguiram", avalia o professor de Relações Internacionais da Faculdade de Belas Artes e da ESPM Sidney Leite. Ele observa que toda a ação foi metodicamente pensada, desde o rapto das meninas, até a divulgação de vídeos, primeiro, dizendo que elas seriam vendidas e, depois, propondo fazer trocas por prisioneiros.

Campanha legitimaria intervenção

A Nigéria tem se destacado como liderança regional na África, é a maior economia do continente e apresenta um posicionamento estratégico. Para a professora Analúcia Pereira, da UFRGS, há interesse em que o país se fragilize. "Ele está em uma posição geopolítica estratégica para interagir com outros polos de poder e ameaça os interesses das potências", diz.

O cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais (NEPRI/UFPR), Alexsandro Eugênio Pereira, observa que o Boko Haram "se encaixa no ‘estereótipo’ do tipo de terrorismo combatido pelas políticas norte-americanas do pós-11 de Setembro" e que, além da comoção que o caso gera, os EUA vêm procurando reforçar a mobilização.

Dinheiro

A professora Analúcia con­­sidera que toda a campanha que está ocorrendo pode servir também para legitimar alguma intervenção internacional que possa ocorrer no país. Ela chama atenção para o fato de que o Boko Haram precisa ter financiadores e que eles provavelmente estão fora da Nigéria.

Opinião

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