A assessoria de imprensa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, informou que o ministro lamentou o episódio em que a jornalista Cláudia Trevisan, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" em Washington, foi presa na Universidade de Yale, "uma vez que ela estava exercendo a sua profissão". Ela foi detida ao tentar localizar o ministro em uma conferência no local. Segundo a assessoria, Barbosa foi informado sobre a prisão apenas na manhã deste sábado e não teve qualquer interferência na organização do evento.
A jornalista brasileira, que já foi correspondente na China, foi algemada e passou quase cinco horas incomunicável, primeiro numa viatura da polícia e depois numa cela do distrito policial de New Haven, cidade onde fica a Universidade de Yale, uma das mais importantes dos Estados Unidos.
Trevisan foi incumbida pelo jornal de cobrir a participação de Barbosa no seminário "Constitucionalismo Global 2013" na Universidade de Yale. Segundo o site do "Estado", ela fez contato com a assessoria de imprensa da Escola de Direito, que informou que o evento era fechado à imprensa. A correspondente, então, disse que esperaria pelo ministro do lado de fora do auditório, onde aconteceria o seminário.
Ainda segundo o site, a jornalista também fez contato por celular com o presidente do STF, que afirmou que não daria entrevista. Trevisan relatou que o abordaria do lado de fora do auditório. Por volta das 14h30m, a jornalista entrou no prédio da Escola de Direito. No primeiro andar, abordou um policial perguntando se o evento ocorreria ali. O policial falou para a repórter acompanhá-lo. Também quis saber o seu endereço nos Estados Unidos, número de telefone e pediu para ver o seu passaporte.
Já do lado de fora do prédio, o policial se recusou a devolver o documento e disse que a jornalista não cumpriu a determinação de não ir à universidade. Em seguida, anunciou que ela seria presa. Trevisan foi algemada com as mãos nas costas e presa dentro do carro da polícia. Depois de uma hora, um funcionário do gabinete do reitor da Escola de Direito foi até o local e autorizou o policial a levá-la à delegacia.
"Vemos o caso com perplexidade. A jornalista estava tentando exercer o trabalho dela. Não invadiu nada", disse o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.
O jornal informa ter contratado um advogado para acompanhar Trevisan, que será obrigada a se apresentar diante de um juiz no dia 4 para responder por "transgressão criminosa". O "Estado" também enviou perguntas sobre o episódio para a direção da Escola de Direito, que até a noite de sexta-feira não havia respondido.
O diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, criticou a atitude do policial que prendeu a jornalista. "Pelas notícias recebidas, aconteceu um absurdo injustificável por parte do policial que tomou a iniciativa de deter a repórter. Uma atitude truculenta. Revela um completo desconhecimento dos direitos mais básicos no exercício da profissão. É lamentável e esperamos que seja corrigido, que as autoridades americanas esclareçam o que aconteceu", afirmou.
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