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Pyongyang e Seul

Barcos das duas coreias se enfrentam e causam tensão diplomática

Barco de patrulha da Coreia do Sul; enfrentamento se deu dias antes da visita do presidente americano Barack Obama | Marinha da Coreia do Sul / Reuters
Barco de patrulha da Coreia do Sul; enfrentamento se deu dias antes da visita do presidente americano Barack Obama (Foto: Marinha da Coreia do Sul / Reuters)

Embarcações das Coreias do Norte e do Sul trocaram tiros na manhã desta terça-feira perto dos limites marítimos entre os dois países no Mar Amarelo, informaram os governos dos dois países. A troca de tiros, aparentemente iniciada por um disparo de advertência efetuado pela embarcação sul-coreana, durou cerca de dois minutos. Não há informações sobre vítimas.

Esta foi a primeira vez em sete anos em que embarcações das Coreias do Norte e do Sul engajaram-se nesse tipo de ato hostil. Trata-se também do primeiro episódio de violência entre os dois países em um ano no qual Pyongyang provocou agitação em Seul e outras capitais por conta de seu programa nuclear.

O incidente ocorre apenas nove dias antes de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegar à Coreia do Sul como parte de uma viagem pela Ásia, informa o Wall Street Journal.

A Casa Branca advertiu mais tarde a Coreia do Norte contra qualquer ação que possa ser vista como uma "escalada". "Eu gostaria de dizer aos norte-coreanos que nós esperamos que não aconteçam outras ações no Mar Amarelo que possam ser vistas como uma escalada", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a bordo do avião presidencial dos Estados Unidos, o Air Force One. Gibbs acompanha Obama numa viagem ao Texas.

Até a noite desta terça-feira, pelo horário local na Península Coreana, não havia indícios quanto a uma possível escalada do incidente, apesar de os dois países terem apresentado relatos divergentes sobre o ocorrido e protestado verbalmente um contra o outro.

De acordo com os relatos disponíveis, uma patrulha naval sul-coreana teria causado extensos danos a uma embarcação militar da Coreia do Norte durante a troca de tiros em mar aberto.

Depois de uma reunião com assessores, o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, orientou o exército a agir com firmeza, mas mantendo a calma para impedir que a situação venha a piorar, informou a assessoria de imprensa do chefe de Estado.

O primeiro-ministro Chung Un-chan acusou a embarcação norte-coreana de ter promovido "um ataque direto" contra o barco de patrulha sul-coreano, mas admitiu a possibilidade de o episódio ter sido "acidental".

A Coreia do Norte, por sua vez, divulgou nota por intermédio da mídia estatal do país na qual exigia de Seul um pedido de desculpas pelo incidente, qualificado por Pyongyang como um ato provocativo por parte da armada sul-coreana.

Segundo o governo norte-coreano, um "objeto não identificado" foi avistado na água quando sua embarcação regressava a uma base, mas "um grupo de navios de guerra da Coreia do Sul a perseguiu e perpetrou a grave provocação de abrir fogo".

Ao mesmo tempo, militares sul-coreanos disseram que o barco norte-coreano entrou em águas territoriais da Coreia do Sul e avançou por cerca de 1,5 quilômetro. Segundo as fontes, antes de efetuar um disparo de advertência, a embarcação sul-coreana teria emitido cinco mensagens para que os norte-coreanos retornassem. O barco norte-coreano então teria respondido com uma barragem de artilharia.

O confronto começou às 11h28 locais de hoje perto da ilha de Daechong e durou cerca de dois minutos.

A fronteira marítima, conhecida como Linha Limítrofe Norte, foi cenário de batalhas navais com mortes em 1999 e em 2002 e tem sido um constante foco de tensão.

No mês passado, a Marinha da Coreia do Norte acusou a Coreia do Sul de enviar navios de guerra para cruzar a fronteira e advertiu que as provocações poderiam causar confrontos armados.

Os Estados Unidos devem decidir nos próximos dias se começarão negociações diretas com a Coreia do Norte, o que pode significar a retomada das conversas com potências regionais sobre o desarmamento nuclear do país comunista, afirmou uma autoridade norte-americana.

Analistas percebem as investidas militares norte-coreanas como uma maneira de alavancar sua posição nas negociações. O país acusa a Coreia do Sul de iniciar o último incidente.

"As autoridades militares sul-coreanas deveriam fazer um pedido de desculpas ao Norte pela provocação armada", disse um oficial militar norte-coreano, segundo a agência de notícias KCNA.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está monitorando cuidadosamente a situação e instou os dois países a resolverem qualquer disputa que tenham através do diálogo.

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