Foz do Iguaçu - As barreiras enfrentadas por imigrantes dos países do Mercosul para conseguir trabalho, transpor fronteiras e fugir da discriminação foi um dos temas discutidos ontem na X Cúpula Social do Mercosul, no Parque Tecnológico da Itaipu (PTI) em Foz do Iguaçu. O evento, que será encerrado hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e antecede a 40.ª Cúpula do Mercosul e Estados Associados, marcou o lançamento de uma cartilha em português e espanhol elaborada para orientar imigrantes a conseguir espaço no mercado de trabalho.
No encontro, brasileiros reclamaram da lentidão do serviço de migrações do Paraguai para emitir a carteira de migração enquanto bolivianos radicados em São Paulo fizeram a mesma queixa em relação ao Brasil. Radicada há 10 anos em São Paulo, a costureira boliviana Esther Urquidi Dorado, 48 anos, fez um apelo às autoridades para receber o documento. Após cinco anos na clandestinidade, Esther solicitou a carteira à Polícia Federal para ela, o marido e quatro filhos. Chegou a pagar R$ 8 mil há mais de um ano, mas ainda não teve retorno. Esther diz que não consegue matricular o filho de 18 anos no Ensino Médio por falta do documento. "É muito triste ser imigrante", diz. Os migrantes farão, às 14 horas de hoje, uma manifestação pacífica na Ponte da Amizade para chamar atenção da autoridades.
O presidente do Conselho Nacional de Migração do Brasil (CNM), Paulo Sérgio de Almeida, reconheceu que o país precisa avançar no setor. No entanto, ressalta que as dificuldades existem porque cresceu o pedido de documentos por parte de imigrantes no Brasil e há uma sobrecarga de trabalho na Polícia Federal (PF) em São Paulo. Para contornar o problema, estão sendo feitos investimentos para ampliar a capacidade de atendimento.
Almeida, ressalta que há problemas comuns nos demais países em relação à migração. Um deles é o reconhecimento da formação profissional.
"Há migrantes com título universitário que acabam trabalhando em outro emprego". Outra defasagem existente no bloco, conforme Almeida, é a falta de informações. O Brasil não sabe como são as regras de trabalho na Argentina e vice-versa. A Cartilha de Trabalho foi lançada para sanar o problema.
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