Duas bases aéreas que abrigam soldados dos EUA e tropas aliadas no Iraque foram atingidas por foguetes na madrugada de quarta-feira (noite de terça-feira no Brasil). A Guarda Revolucionária Iraniana assumiu a responsabilidade pelo ataque, segundo a televisão estatal do Irã, que relatou que foram lançados "dezenas" de foguetes contra os alvos.
O ataque foi uma retaliação aos EUA após à ofensiva na última sexta-feira que resultou na morte do general iraniano Qassim Suleimani, chefe da Força Quds, elite da Guarda Revolucionária do Irã. As bases ficam localizadas em Ain al-Assad, a cerca de 200 quilômetros de Bagdá, e em Erbil, a quarta maior cidade iraquiana, situada na região autônoma do Curdistão, ao norte do país.
Donald Trump "foi informado e está monitorando a situação de perto e consultando sua equipe de segurança nacional", disse a porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham. A segurança na região da Casa Branca foi reforçada. É esperado que o presidente americano faça um pronunciamento ainda na manhã desta quarta-feira.
O clima é de tensão no Oriente Médio. Após o ataque, o líder supremo do Irã, aiatolá Khamenei, declarou que a ação foi "um tapa na cara" dos americanos" e reforçou que a "corrupta presença dos EUA na região deve chegar ao fim". Ainda na madrugada desta quarta, a Guarda Revolucionária Iraniana, em transmissão na internet, ameaçou atacar também nas cidades de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Haifa, em Israel, caso haja ofensivas no Irã.
Bases estavam em alerta para possíveis ataques
Segundo o Pentágono, o ataque ocorreu às 1h30 da madrugada de quarta-feira no horário local (19h30 de terça-feira em Brasília). Esse é o mesmo horário em que o general iraniano Qasem Suleimani foi morto, em um ataque com drone comandado pelos EUA em Bagdá, na semana passada. O Irã prometeu "severa vingança" pela morte de Suleimani.
As bases ficam localizadas em Ain al-Assad, a cerca de 200 quilômetros de Bagdá, e em Erbil, a quarta maior cidade iraquiana, situada na região autônoma do Curdistão, ao norte do país.
"Está claro que esses mísseis foram lançados do Irã e tiveram como alvo pelo menos duas bases militares iraquianas que hospedam equipes militares dos EUA e da coalizão em Al-Assad e Erbil", disse em comunicado Jonathan Hoffman, da Secretaria de Defesa dos EUA.
Ele acrescentou que as bases estavam em alerta pela possibilidade de ataques do regime iraniano às forças e interesses norte-americanos na região.
Uma autoridade de segurança dos EUA disse à CNN que não há relatos de vítimas norte-americanas até o momento, mas que uma avaliação está sendo feita.
Uma autoridade iraquiana, por sua vez, disse à rede de televisão que há vítimas iraquianas, mas que não é possível saber se são mortos ou feridos. A mesma fonte afirmou que 13 foguetes atingiram a base Ain al-Assad, disparados de uma distância de cerca de 10 quilômetros.
A agência estatal iraniana Isna publicou um vídeo que supostamente seria do ataque:
A Administração Federal de Aviação dos EUA afirmou, em comunicado, que serão restritos os voos de aeronaves não militares pelo espaço aéreo do Iraque, do Irã e sobre as águas do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã.
Irã diz que tomou "medidas proporcionais de defesa"
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse pelo Twitter que o Irã "tomou e concluiu medidas proporcionais de defesa sob o artigo 51 da ONU alvejando uma base de onde um ataque armado covarde contra nossos cidadãos e oficiais foi lançado".
"Não buscamos escalada de guerra, mas nos defenderemos contra qualquer agressão", acrescentou Zarif.
Ainda não se sabe como os EUA vão reagir ao ataque. O senador americano republicano Lindsey Graham descreveu o caso como um "ato de guerra" em entrevista à Fox News. "O presidente tem toda a autoridade de que ele precisa sob o artigo II para responder e como ele vai responder ainda será definido".
Graham disse, ainda, que falou com o presidente Trump por telefone. "Se você está assistindo à televisão no Irã [...] o seu destino está nas suas próprias mãos em termos da viabilidade econômica do regime".
O corpo de Suleimani foi enterrado na cidade natal do general iraniano, Kerman, na manhã de quarta, segundo a televisão estatal. As procissões fúnebres em homenagem a Suleimani reuniram centenas de milhares de pessoas nas ruas do Irã. Ao menos 56 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas durante o funeral de Suleimani na cidade de Kerman, após tumulto na terça-feira.
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- A morte do general iraniano Qasem Soleimani abre uma caixa de Pandora (Coluna de Filipe Figueiredo de 3 de janeiro de 2020)
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