Madri - O Batasuna, o partido político basco que foi proibido devido a suas ligações com o ETA, pediu aos separatistas armados que retomem a trégua que durou nove meses. O apelo do Batasuna, considerado o braço político do ETA, foi feito nove dias depois do ataque com uma bomba potente que matou duas pessoas num aeroporto de Madri.
As declarações pareceram evidenciar mais ainda um provável rompimento entre o partido e o grupo separatista. "Queremos pedir ao ETA que mantenha os compromissos e os objetivos que estabeleceu em sua declaração de 22 de março (quando declarou um cessar-fogo permanente)", disse o líder do Batasuna, Arnaldo Otegi, na cidade basca de San Sebastian.
O ETA não assumiu publicamente a autoria do ataque, que destruiu um dos estacionamentos do aeroporto internacional de Barajas no dia 30 de dezembro, mas um dos telefonemas para avisar da bomba foi dado em nome do ETA. A guerrilha não divulgou nenhuma declaração formal rompendo a trégua, como já fez em ocasiões anteriores, e líderes do Batasuna manifestaram surpresa com o ataque.
A imprensa e especialistas vêm especulando que a bomba possa ter sido plantada por um grupo dissidente. O Batasuna se distanciou dos ataques do ETA mas não chegou a condenar os atentados, um pré-requisito para que o partido seja legalizado e possa voltar a participar das eleições.
Três integrantes encapuzados do ETA foram à tevê em março e declararam uma trégua, na esperança de que ela "impulsionasse o processo democrático no País Basco de modo a criar um novo parâmetro em que nossos direitos como povo sejam reconhecidos".
O Batasuna e o ETA lutam pela independência do País Basco, composto por sete províncias no norte da Espanha e no sudoeste da França. O ETA deu início à sua campanha de violência sob a ditadura de Francisco Franco.
Desde a bomba, o governo espanhol suspendeu o processo de paz na região, e a polícia encontrou outros depósitos de explosivos.
Pesquisas de opinião publicadas ontem mostraram que o partido governista, o Socialista, e o premier José Luis Rodriguez Zapatero perderam terreno junto aos eleitores desde o ataque. Uma sondagem publicada no jornal de direita El Mundo mostrou uma queda de 55% para 51% na popularidade de Zapatero, enquanto o apoio ao líder da oposição Mariano Rajoy flutuou de 48 para 49%.
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