O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou nesta quinta-feira (6) que o país assinará um contrato juridicamente vinculativo com o Grupo Wagner. Apesar disso, Lukashenko disse que até o momento ainda não está totalmente definido os detalhes da presença do grupo no país, uma vez que os mercenários têm "uma visão diferente" de sua implantação.
"A nível de lei ou decreto presidencial, será determinado o quadro em que esta unidade irá operar", disse o ditador em uma entrevista coletiva que contou com a presença de veículos de comunicação estrangeiros e de Belarus, segundo a agência oficial de notícias do país BelTA.
Lukashenko explicou, no entanto, que a questão envolvendo o destacamento do Wagner para Belarus, após o motim abortado em 24 de junho e o acordo que ele negociou entre os mercenários e o Kremlin, ainda não foi resolvida.
"Até o momento, a questão da redistribuição e implantação da unidade não foi resolvida", disse.
"Não estamos construindo acampamentos. Oferecemos a eles vários antigos acampamentos militares que foram usados em tempos de guerra. Mesmo perto de Osipovichi", a sudeste de Minsk, afirmou.
O "Grupo Wagner tem uma visão diferente para a sua implantação. Naturalmente, não vou dizer qual é essa visão", acrescentou, embora tenha revelado que a principal questão é onde estarão localizados os mercenários.
Lukashenko destacou que a decisão não depende dele, mas da liderança de Moscou e do Wagner, que ainda estão em seus acampamentos na Rússia, destacou.
Ele enfatizou que somente a unidade "mais experiente em combate" poderá "servir" a defesa de Belarus, em caso de o país ser "atacado". Lukashenko também garantiu que "ninguém será atacado a partir do território de Belarus", nem a Ucrânia, que fica na fronteira sul.
"Nunca atacamos ninguém. Eu já disse isso antes. E não vamos atacar. E ninguém vai atacar ninguém do nosso território. Se uma agressão for cometida contra nós, vamos responder. E se o Grupo Wagner estiver aqui, eles, assim como o Exército bielorrusso, defenderão nossos interesses", observou.
Lukashenko também anunciou que planeja se encontrar em breve com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem abordará a questão do "futuro dos mercenários".
Lukashenko também sugeriu que, apesar da rebelião armada liderada pelo Wagner, classificada como "traição" por Putin, tanto o grupo como o presidente russo "poderiam continuar trabalhando" pelos interesses da Rússia.
"Não acho que haja nenhum problema para os wagneritas trabalharem no interesse da Rússia. Perder essa unidade com todas as nuances (sobre o que aconteceu) é impossível. (...) Existem cerca de duas dezenas de heróis da Rússia", frisou.