A jornalista Larysa Shchyrakova, de 50 anos, foi condenada a três anos e meio de prisão em Belarus nesta quinta-feira (31) por "facilitar atividades extremistas" e "desacreditar Belarus".
Segundo informações da Associação de Jornalistas de Belarus (BAJ), Shchyrakova foi presa e processada pelo Estado após fornecer dados sobre violações dos direitos humanos no país para uma renomada organização que trata do assunto em Belarus.
A Associação de Jornalistas afirmou que Shchyrakova foi sentenciada durante um julgamento a portas fechadas na cidade de Gomel. A jornalista cumprirá sua pena em uma colônia de segurança máxima e deverá pagar também uma multa de 3,5 mil rublos bielorrussos (cerca de US$ 1,1 mil).
As autoridades bielorrussas detiveram Shchyrakova em dezembro de 2022. Com sua prisão, as autoridades do país colocaram seu filho em um orfanato estatal antes de transferir a custódia dele para o ex-marido dela.
O caso de Shchyrakova é o mais recente de uma série de jornalistas que estão sendo presos em Belarus por cobrir a repressão política intensificada no país desde as últimas eleições presidenciais, há três anos, disse a Associação de Jornalistas.
Protestos em grande escala eclodiram em Belarus em agosto de 2020, quando o ditador Alexander Lukashenko foi reeleito em uma votação considerada tanto pela oposição quanto pelo Ocidente como fraudulenta. As autoridades reagiram às manifestações com uma repressão violenta que resultou em mais de 35 mil detenções, com milhares de manifestantes agredidos.
Durante o processo, o Estado acusou Shchyrakova de "coletar, criar, processar, armazenar e transmitir informações" para o principal centro de direitos humanos de Belarus, conhecido como Viasna, bem como para o canal de televisão Belsat, que transmite informações sobre país a partir da Polônia.
Tanto a organização Viasna quanto a Belsat são consideradas organizações "extremistas" pelo regime de Alexander Lukashenko.
"O veredito contra Larysa Shchyrakova é mais uma retaliação destinada a se vingar dos jornalistas", disse a Associação de Jornalistas Bielorrussos em um comunicado.
"Shchyrakova é uma repórter profissional com anos de experiência, uma ativista de direitos humanos e uma figura cultural. Em todo o mundo, esse tipo de personalidades costuma receber prêmios. Em Belarus, elas são perseguidas, mas o jornalismo não é um crime", acrescentou.
A líder da oposição em Belarus, Sviatlana Tsikhanouskaya, condenou a decisão do tribunal afirmando que “hoje, meus pensamentos estão com Larysa Shchyrakova, uma jornalista e mãe que foi condenada a três anos e meio simplesmente por fazer o trabalho dela, afastada do seu filho. Essa mulher brilhante está sendo mantida como prisioneira política junto com outros 32 jornalistas em Belarus. Essa vergonhosa injustiça deve acabar".
Atualmente, 33 profissionais de imprensa de Belarus estão presos aguardando julgamento ou cumprindo penas, de acordo com a Associação de Jornalistas.
A Viasna registra 1.496 prisioneiros políticos em Belarus, incluindo o ganhador do Prêmio Nobel da Paz Ales Bialiatski.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura