A Justiça de Belarus condenou, nesta sexta-feira, a 17 anos de prisão o líder da oposição Valery Tsepkalo, que se exilou no exterior dias antes das eleições presidenciais de agosto de 2020, nas quais foi reeleito Alexander Lukashenko.
Tsepkalo, cuja candidatura à presidência nas eleições daquele ano foi rejeitada pela comissão eleitoral, foi condenado por difamar Lukashenko e desacreditar o país ao pedir a outras nações que imponham sanções a Minsk, capital da Belarus, e outras medidas que minam a segurança nacional.
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O Ministério Público havia pedido 19 anos contra o opositor, que também foi acusado de criar e financiar um grupo extremista, receber propina e abuso de poder, durante o julgamento que começou em 1º de março no Tribunal Regional de Minsk.
O ex-diplomata e empresário bielorrusso foi acusado de ter recebido cerca de 152 mil euros como suborno enquanto exercia as funções de chefe da Administração do Parque de Alta Tecnologia de Belarus, dinheiro que teria sido transferido para uma empresa de sua propriedade com sede no Chipre.
Na época, Tsepkalo chamou o julgamento de "circo, no qual o principal bufão é o impostor de dedos azuis que perdeu miseravelmente as eleições de 2020 para o povo de Belarus", em referência a Lukashenko.
"Todos os participantes (deste circo) vão responder perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e depois perante o povo sofredor de Belarus", acrescentou o principal opositor do ditador de Belarus.
Veronica Tsepkalo, esposa de Valery, o substituiu na corrida presidencial e concorreu como parte de um grupo de candidatos presidenciais que incluía Sviatlana Tsikhanouskaia, agora uma líder da oposição no exílio, e Maria Kolesnikova, que cumpre 11 anos de prisão.
No total, na antiga república soviética existem 1.438 presos políticos entre jornalistas, blogueiros, empresários, ativistas, manifestantes, aspirantes e candidatos presidenciais.
Mais prisões
A Justiça de Belarus condenou outro membro da oposição, na quinta-feira (06), a 18 meses de prisão. O ex-candidato presidencial Andrei Dmitriev foi condenado por participar dos protestos antigovernamentais que eclodiram após as eleições presidenciais.
Dmitriev, então co-presidente do movimento "Diga a verdade!", obteve 1,21% dos votos nas eleições de 9 de agosto, o que lhe permitiu ocupar o quarto lugar entre cinco candidatos.
Dois dias depois, ele e outro candidato, Sergei Cherechen, anunciaram que contestariam o resultado das eleições, na qual Lukashenko foi reeleito com mais de 80% dos votos.
Quando os resultados foram conhecidos, em que a favorita, Tsikhanouskaia, alcançou 10,12% dos votos, dezenas de milhares de bielorrussos saíram às ruas para protestar contra a fraude.
Os maiores protestos antigovernamentais desde a independência de Belarus em 1991 colocaram na corda bamba o chamado último ditador da Europa, cuja vitória eleitoral não é reconhecida pelo Ocidente.
Depois de várias semanas de protestos pacíficos, Lukashenko, a quem o Kremlin se ofereceu para enviar forças de segurança russas para esmagar a dissidência, lançou uma campanha de repressão que empurrou para o exílio centenas de milhares de pessoas.