Bruxelas - A Bélgica igualou ontem o recorde iraquiano de a mais longa crise política dos últimos tempos, com 249 dias sem governo, situação comemorada com ironia pelos belgas, que batizaram a data de a "Revolução da Batata Frita", em homenagem ao prato nacional favorito.
Com cerca de 11 milhões de habitantes, sede da União Europeia e da Otan, a Bélgica alcançou ontem pouco mais de oito meses de bloqueio político, que teve início depois das eleições de junho de 2010, quando as forças políticas não conseguiram chegar a um acordo sobre a formação de um governo.
O novo governo belga, entretanto, parece cada vez mais distante, à medida que os líderes políticos do norte flamengo e do sul francófono continuam a disputar um acordo de coalizão.
Comícios foram organizados em todo o país, incluindo um strip-tease coletivo de 249 estudantes em Ghent (norte), onde milhares de pessoas participaram das "comemorações".
A imprensa belga também marcou a data com sarcasmo, mas alguns jornais demonstraram preocupação.
O pomo da discórdia é um acordo para reformar o sistema federal, concedendo mais autonomia às regiões de Flanders (norte flamenco) e Valônia (sul francófono), além da capital Bruxelas, um enclave bilíngue.
Os manifestantes, que querem a formação de um governo de união para afastar a ameaça de uma secessão do país, inspiraram-se na "Revolução de Jasmim" tunisiana para criar a sua "Revolução da Batata Frita". Essencialmente, os belgas querem demonstrar que "não suportam mais o impasse político", além de "enviar uma mensagem antisseparatista e antinacionalista", indicou Michael Verbauwhede, um dos organizadores dos protestos.
Na esperança de forçar os dois lados a um acordo, estudantes belgas planejaram uma série de ações de protesto incluindo a distribuição nacional de batatas fritas. Antes do recorde iraquiano, os belgas já haviam se consagrado com o mais longo período sem governo da Europa deixando para trás a Holanda.
Deixe sua opinião