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Terrorismo

Bélgica: criadouro de islamitas radicais

Salah Abdeselam: suspeito de envolvimento nos ataques de 2015 , foi detido na Bélgica em março deste ano. | Ministry of Interior Belgi/Divulgação
Salah Abdeselam: suspeito de envolvimento nos ataques de 2015 , foi detido na Bélgica em março deste ano. (Foto: Ministry of Interior Belgi/Divulgação)

A Bélgica, onde foram organizados os atentados de novembro de 2015 em Paris, ganhou fama mundial como um “criadouro” de militantes extremista, com até 19 pessoas acusadas por suposto envolvimento nesse massacre.

Segundo os últimos números oficiais, 465 belgas estão atualmente na Síria nas fileiras da organização Estado Islâmico (EI), voltaram de lá ou tentaram envolver-se com combatentes extremistas, transformando esse reino de 11 milhões de habitantes em um dos países europeus com maior número de combatentes jihadistas em relação à população.

A má fama ganhou projeção internacional com Abdelhamid Abaaoud e os irmãos Abdeslam, um dos quais, Brahim, explodiu seu cinturão em 13 de novembro de 2015, em um café parisiense. O irmão mais novo, Salah Abdeslam, de 27 anos, foi detido em 18 de março de 2016 não muito longe da casa de sua família, após meses de fuga. O único sobrevivente dos comandos de 13 de novembro está em uma prisão na França à espera de seu julgamento.

Desde 2001, ano marcado também pela prisão do ex-jogador tunisiano Nizar Trabelsi por um projeto de atentado contra alvos americanos na Bélgica, o país endureceu sua legislação antiterrorista e aumentou o desmantelamento das redes de islamitas radicais.

Uma longa história de radicalização

Por sua localização entre Londres, Paris, Amsterdã e a Baía do Ruhr, na Alemanha, a Bélgica é um ponto de encontro fácil, de onde podem ser feitos deslocamentos rápidos para grandes metrópoles.

Esta é uma das razões pela qual o país se transformou em centro nevrálgico do tráfico de armas do qual se aproveitam as redes jihadistas.

A complexa organização institucional do reino e uma troca deficiente de informações entre os policiais locais e federais serviram de obstáculos para o desenvolvimento de investigações antiterroristas e para a vigilância de pessoas supostamente perigosas.

O país se transformou em uma base de operações de grupos islamitas radicais em meados dos anos 1990, quando a organização argelina Grupo Islâmico Armado (GIA) ameaçou o país com represálias após o desmantelamento de uma de suas células em Bruxelas.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, as autoridades belgas descobriram que os assassinos tunisianos de Ahmad Sah Masud, lendário líder da resistência antitalibã no Afeganistão, conhecido como o “Leão de Panjshir”, tinham passaportes falsos belgas e apoio logístico na Bélgica.

Os tunisianos saíram de Molenbeek, bairro popular do subúrbio de Bruxelas com grande população de origem marroquina e por onde passaram também Mehdi Nemmouche, suposto autor do massacre do museu judaico de Bruxelas em maio de 2014 (4 mortos) e o agressor do trem Amsterdã-Paris em agosto de 2015.

Antuérpia e Sharia4Belgium

Assim como Molenbeek e Vilvorde (nos arredores de Bruxelas), a Antuérpia (norte) tem também uma forte comunidade de origem marroquina. Essa cidade da região de Flandres tem a reputação de ter permitido um certo desenvolvimento do islamismo radical.

A grande cidade portuária é sede do grupo Sharia4Belgium, dissolvido em 2012 após reivindicar a instauração de um “Estado Islâmico” na Bélgica. Mesmo com seus ex-dirigentes na Síria ou na prisão, o movimento parece sobreviver em Flandres.

Em 18 de outubro de 2016 uma investigação antiterrorista teve como alvo Hicham Chaib, ex-líder do Sharia4Belgium que reivindicou em um vídeo divulgado em março, gravado na Síria, a autoria dos atentados jihadistas de 22 de março em Bruxelas, que deixaram 32 mortos.

Um de seus irmãos, Zouhair Chaib, é suspeito de ter organizado de Gante (norte) o recrutamento de combatentes para Síria.

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