Salah Abdeslam, o único sobrevivente dos comandos que cometeram os atentados de 13 de novembro em Paris, foi entregue pela Bélgica à justiça da França, onde o acusado será levado a uma audiência com juízes de instrução para o indiciamento, anunciaram os dois países.
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“Abdeslam foi colocado à disposição das autoridades francesas na manhã desta quarta-feira [27], em execução à ordem de detenção europeia emitida contra ele pela França em 19 de março de 2016”, afirma um comunicado da Procuradoria Geral belga.
O suspeito foi extraditado por via área sob escolta da Unidade de Elite da Polícia Francesa (GIGN), segundo fontes ligadas ao caso. Ele desembarcou na França às 9h05 (4h05 de Brasília) e “será apresentado durante o dia aos magistrados de instrução com vistas a seu indiciamento”, anunciou a Procuradoria de Paris.
Depois será levado a uma audiência com um juiz que decidirá sobre a detenção provisória. Caso o magistrado confirme, Abdeslam será levado para a área de isolamento de uma penitenciária da região de Paris, informou o ministro francês da Justiça, Jean-Jacques Urvoas.
“Estará nas mãos de uma equipe de vigilância especial, preparada para a detenção de pessoas consideradas perigosas. Algumas medidas já foram adotadas para que seu entorno seja seguro”, disse o ministro.
Com 26 anos, nascido em Bruxelas mas com nacionalidade francesa, Salah Abdeslam foi detido em 18 de março no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, onde passou grande parte de sua vida, depois de quatro meses de fuga. As autoridades francesas haviam emitido uma ordem de detenção europeia contra ele para solicitar a extradição.
Abdeslam é suspeito de ter desempenhado um papel chave nos preparativos dos atentados de Paris, que deixaram 130 mortos e centenas de feridos em 13 de novembro do ano passado. Ele foi a pessoa que alugou dois dos três veículos utilizados pelos criminosos, assim como um apartamento na periferia de Paris, no qual ficaram hospedados alguns dos autores dos atentados.
Também transportou de carro os três homens-bomba que detonaram suas cargas explosivas nas proximidades do Stade de France, no momento em que um amistoso de futebol era disputado entre França e Alemanha na presença de dezenas de milhares de pessoas, incluindo o presidente francês, François Hollande.
Fuga para a Bélgica
Depois, os fatos são menos claros. Após os atentados de 13 de novembro, Abdeslam estacionou seu veículo no distrito XVIII de Paris, bairro citado pelo grupo Estado Islâmico (EI) na reivindicação dos ataques, apesar de não ter sido cenário de nenhuma ação, o que gerou a suspeita de que havia a previsão de outra explosão na área.
Posteriormente, Abdeslam abandonou um cinturão de explosivos em Montrouge, periferia sul da capital francesa, e de madrugada fugiu com dois amigos que foram buscá-lo a partir da Bélgica. Em seu primeiro interrogatório na Bélgica, ele afirmou que também deveria ter detonado uma carga explosiva, mas que renunciou ao plano.
Ele também é suspeito de ter desempenhado um papel na constituição dos comandos, pois foi visto ao lado de seus integrantes em diferentes países da Europa nos meses anteriores ao ataque.
Por meio do advogado belga Sven Mary, Abdeslam afirmou que não estava a par dos atentados de Bruxelas, que deixaram 32 mortos em 22 de março, quatro dias depois de sua detenção. Mas ele está vinculado aos três homens que executaram os ataques neste dia e eles tinham, por sua vez, ligações com os atentados de 13 de novembro.
Representado até agora pelo advogado belga Sven Mary, será defendido na França por um advogado de Lille (norte), Frank Berton, segundo a imprensa.
“Quer explicar e está quase impaciente de viajar a Paris”, havia afirmado Berton.
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