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Religião

Bento XVI afirma que Ocidente despreza Deus

Munique – Durante sua viagem de seis dias ao sul da Alemanha, sua terra natal, o Papa Bento XVI fez ontem fortes críticas aos ocidentais. Ele disse que o Ocidente se acostumou a desprezar Deus e a considerar que fazer isto é um direito de liberdade. Ele acrescentou que este tipo de tolerância não é a que os povos desejam, "já que tolerância significa respeitar aquilo que é sagrado para os outros".

O Papa afirmou também que os povos africanos e asiáticos não consideram o cristianismo uma ameaça a suas identidades. Segundo Bento XVI, estes povos se sentem intimidados pelo pensamento ocidental ateu, que tenta se impor a essas culturas.

Joseph Ratzinger fez as declarações diante de cerca de 200 mil pessoas que, em uma manhã ensolarada, assistiram nos arredores de Munique à sua primeira missa como Papa na cidade onde foi arcebispo e cardeal de 1977 até 1981, quando foi chamado a Roma por João Paulo II para se encarregar do ex-Santo Ofício.

Em uma densa homilia, o Papa assegurou que o mundo precisa de Deus, mas que o homem "se tornou surdo" para a voz d’Ele, e que "tudo o que se diz a Seu respeito parece anterior à ciência e pouco adequado aos tempos atuais".

O bispo de Roma afirmou, relatando a experiência de bispos do Terceiro Mundo, que o Ocidente – e especialmente a Alemanha – se dispõe sempre a colaborar com projetos sociais, mas que "surgem reservas" quando se trata de um projeto de evangelização.

Bento XVI assegurou que, no entanto, o bem-estar social e o Evangelho são inseparáveis. O Pontífice acrescentou que a população da Ásia e da África admira as realizações técnicas e a ciência do Ocidente, mas, ao mesmo tempo, "se assusta com um tipo de raciocínio que exclui totalmente a idéia de Deus e considera que esta é a forma mais sublime da razão e que ela também deve ser imposta a estas culturas".

"Esses povos vêem uma ameaça a sua identidade não no cristianismo, mas no desprezo a Deus e no cinismo que considera o desrespeito do que é sagrado um direito de liberdade e eleva a utilidade a supremo critério moral para o futuro da ciência", assegurou. Ele fica na Baviera até dia 16.

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