O Papa Bento XVI chegou nesta sexta-feira (23) ao México, para uma visita à América Latina que incluirá dois dias em Cuba.
O avião do Papa, com as bandeiras do Vaticano e do México, pousou às 16h13 local (19h13 Brasília) no aeroporto de Silao, no estado de Guanajuato, no centro do México, onde Bento XVI permanecerá até segunda-feira, seguindo para Santiago de Cuba e Havana.
Desde o início da tarde, os fiéis se aglomeravam ao longo do percurso de 34 km que deve realizar entre os aeroporto de Guanajuato e a cidade de Leon, no centro do México.
"O Papa está aqui, sorriam!", "A esperança chega!", entoavam numerosos jovens, na avenida Adolfo Mateos.
Este caminho figura no trajeto a ser percorrido por Bento XVI no papamóvel até o colégio Miraflores de Leon, onde deve passar as três primeiras noites, antes de prosseguir viagem a Cuba.
Na cidade, perto da catedral de Leon, numerosos fiéis aguardavam a passagem do Santo Padre com entusiasmo, repetindo pequenas frases louvando a sua glória, dez anos após a última visita de seu predecessor, João Paulo II.
Em volta deles, os vendedores de suvenires propunham porta-chaves, camisetas e rosários com a efígie de Bento XVI.
Segundo o Vaticano, foi principalmente pela altitude menor que o estado de Guanajuato foi escolhido para a vista, em detrimento da capital mexicana (2.300 m), no momento em que o Papa se prepara para festejar 85 anos.
No avião que o levava ao México, Bento XVI denunciou "as falsas promessas e mentiras do narcotráfico".
Também exortou o regime comunista de Cuba a deixar de lado o marxismo, que "já não responde à realidade" e buscar "novos modelos", durante uma entrevista à imprensa, no avião.
"Os problemas do narcotráfico e da violência pesam sobre a Igreja de um país com 80% dos católicos", disse o Papa, em alusão à atual situação no México, onde a repressão militar e o confronto entre os cartéis fizeram mais de 50.000 mortos em 5 anos.
O pontífice também fez um apelo a que se "desemascare as falsas promessas e as mentiras" dos traficantes de drogas, alguns dos quais se dizem católicos.
Organizações de vítimas da violência, que se opõem à estratégia de combate às drogas do presidente Felipe Calderón, que mobilizou ao exército contra os traficantes, pediram ao Papa um "gesto evangélico" para deter a matança.
Nesta sexta-feira, pouco antes da chegada do Santo Padre, sete pessoas foram fuziladas por um comando armado no estado de Sinaloa (noroeste); no balneário de Acapulco (oeste) foram encontradas quatro cabeças.
O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que o governo ouvirá "com respeito" Bento XVI em sua visita à ilha, depois de o Papa ter afirmado, no avião em direção ao México, que a ideologia marxista, "tal como foi concebida, já não corresponde à realidade"; pelo que "convém achar novos modelos".
"Ouviremos com respeito Sua Santidade", declarou Rodríguez ao inaugurar o centro internacional de imprensa para a visita do pontífice a Cuba, de segunda a quarta-feira da próxima semana.
"Respeitamos todas as opiniões (...), nosso povo tem convicções profundas¨, acrescentou Rodríguez, ao responder a uma pergunta sobre os comentários do pontífice.
Em Léon, a escultora Rosario Rozas, autora de uma estátua de cobre do papa polonês de tamanho real, colocada no átrio da catedral, definiu: "Bento XVI é a cabeça e João Paulo II era o coração".
Na América Latina vivem 28% dos católicos do mundo. O México é o segundo país com maior número de fiéis, depois do Brasil, que conta com 84% de católicos entre seus 112 milhões de habitantes, e é governado pelo Partido Ação Nacional, também de origem católica, que enfrenta uma difícil eleição presidencial no dia primeiro de julho. Em Cuba, menos de 10% da população é católica.
Com um programa suavizado, devido à idade avançada, o Papa visitará no México as cidades de Silao, Guanajuato e León, encontrando-se, em separado, com o presidente Calderón e com todos os presidentes das conferências episcopais do continente.
Na segunda-feira viajará a Santiago de Cuba e, na terça, a Havana, onde vai se reunir com o presidente Raúl Castro não sendo descartada a possibilidade de um encontro com o líder Fidel Castro.
Esta é a sexta visita de um pontífice ao México, para onde João Paulo II viajou cinco vezes, em meio a mobilizações em massa de fiéis.
Uma série de presentes especialmente preparados por empresários e artesãos esperam o Papa no México, que vão desde vários pares de sapatos vermelhos até imagens religiosas.