O Papa Bento XVI se mostrou bem disposto e foi ovacionado por fiéis na Praça São Pedro, no Vaticano| Foto: Andreas Solaro/AFP

Polêmica

Padre irlandês recebe licença

Reuters

Um padre da Irlanda do Norte recebeu um pedido para que tire uma licença, devido a temores sobre a segurança de crianças, disse o primaz da Igreja Católica irlandesa, cardeal Sean Brady. Um comunicado publicado ontem em um website da arquidiocese local informou que Brady pediu a uma congregação em Armagh, no sábado, que a licença do padre ocorra para permitir uma investigação de autoridades civis.

"A política da Arquidiocese de Armagh é que em todos os assuntos relativos à proteção da criança, a segurança e o bem-estar da vítima devem ser nossas preocupações supremas", afirmou. Ele disse que o padre tinha o direito da presunção de inocência enquanto a investigação está ocorrendo, e também pediu a qualquer um que possa ter sofrido abuso por um padre que se apresente.

Escândalos de pedofilia transtornaram a Igreja Católica nos Estados Unidos e na Europa, causando uma carta de desculpas do Papa no começo deste mês. A carta foi recebida com decepção na Irlanda, onde grupos pediram que Brady renuncie, devido a seu envolvimento em encobrir um caso de abuso sexual quando ele era um padre, em 1975.

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Pela primeira vez desde sua eleição, o Papa Bento XVI chegou à missa do Domingo de Ramos a bordo do "papamóvel", diante de milhares de fiéis presentes na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano. Eles pareciam alheios aos escândalos de pedofilia no clero, envolvendo o nome de Sua Santidade. Bento XVI, contudo, afirmou que não se sentirá intimidado pelas críticas.

A missa abriu ontem as celebrações litúrgicas da Semana Santa e recorda a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, acolhido por uma multidão que agitava ramos de oliveira à sua passagem. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que o Papa, ao contrário dos anos anteriores, tomou a decisão de circular de "papamóvel" para ficar mais visível e ter um contato mais direto com os peregrinos. Lombardi também explicou que o Papa terá uma "semana fatigante" em função das cerimônias relativas à Páscoa cristã.

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Bento, que fará 83 anos em 16 de abril, apresentava ontem uma aparência saudável, apesar de estar em meio a uma série de escândalos envolvendo casos de pedofilia no clero católico. Ele não mencionou diretamente a situação delicada que fragiliza seu pontificado. "Jesus não se deixou intimidar pelas intrigas das opiniões dominantes", afirmou em sua homilia.

A esse respeito, em entrevista à rede britânica de televisão BBC One, primaz da Inglaterra e do País de Gales, Vincent Nichols, afirmou ontem que não há razões concretas que apontem para a renúncia de Bento XVI. "O Papa não vai renunciar. Francamente, não há razões para que o faça", declarou o arcebispo de Westminster. "Ele não está envolvido em qualquer tentativa de ocultar caso algum... De fato, foi o cardeal Ratzinger (futuro Papa Bento XVI) que impulsionou mudanças significativas. Por exemplo, em documento de 2001 fez pressão para que os bispos não ficassem calados diantes dos casos", explicou Nichols.

Escândalos

O Papa se encontra em meio a uma série de escândalos envolvendo pedofilia dentro de clero que abalam sua posição. O então cardeal Joseph Ratzinger, que depois seria nomeado Papa, não teria feito nada para impedir em 1980 que um padre acusado de pedofilia retomasse o sacerdócio em uma outra paróquia na Alemanha, informou o jornal The New York Times na sexta-feira, um dia depois de revelar um caso parecido ocorrido nos Estados Unidos.

No fim de 1979 em Essen, na Alemanha, o padre Peter Hullermann foi suspenso após várias queixas de pais que o acusavam de pedofilia. Uma avaliação psiquiátrica ressaltou os instintos pedófilos do religioso, segundo o diário americano. Algumas semanas depois, em janeiro de 1980, o cardeal Ratzinger, que era na época arcebispo de Munique, dirigiu uma reunião durante a qual a transferência do padre de Essen para Munique foi aprovada.

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O futuro pontífice recebeu alguns dias depois uma nota na qual foi informado de que o padre Hullermann havia retomado o serviço pastoral. Em 1986, esse mesmo sacerdote foi declarado culpado de ter abusado sexualmente de meninos em uma outra paróquia de Munique, após a transferência para a cidade bávara.

Na quinta-feira, o jornal revelou que o futuro Papa Bento XVI havia acobertado abusos sexuais de um padre americano, acusado de ter abusado de 200 crianças surdas de uma escola do Wisconsin (norte dos Estados Unidos) entre 1950 e 1972. O Vaticano desmentiu rapidamente as informações.