Estudos genéticos confirmaram o que arqueólogos já suspeitavam havia décadas -- que o chamado "Berço da Civilização" foi também a origem dos gatos domésticos.
Todos eles -- desde os esqueléticos vira-latas dos mercados asiáticos até o puro-sangue largado no sofá de uma dona cheia de carinhos -- descendem de uma subespécie malhada que habitava o norte da África, disseram pesquisadores na quinta-feira.
O gato selvagem do Oriente Próximo, cientificamente conhecido como "Felis silvestris lybica", é o provável ancestral de todos os gatos que tiveram seus genes analisados pela equipe que publica as descobertas na edição de sexta-feira da revista Science.
"Gatos domésticos do mundo inteiro tiveram um ancestral comum, e o ancestral comum viveu no Oriente Próximo. Não houve domesticação paralela na Europa, no sul da África ou na China", disse Carlos Driscoll, do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
"A domesticação de espécies selvagens para complementar a civilização humana é um dos 'experimentos biológicos' mais bem sucedidos já feitos", escreveram os pesquisadores, liderados por Stephen O'Brien, do Instituto Nacional do Câncer.
"Para os gatos, o processo começou há mais de 9.000 anos, quando os primeiros agricultores do Crescente Fértil sem familiarizaram com grãos e cereais e também com animais de abate", explicaram eles. O Crescente Fértil é uma região que vai do atual Egito ao Irã.
Restos preservados mostram que os gatos eram valorizados pelos egípcios, e um esqueleto desencavado no Chipre em 2004 mostra que as pessoas mantinham gatos como mascotes há mais de 9.000 anos.
Driscoll, que admite adorar gatos, acrescenta: "Não se é civilizado sem um gato."
Embora todos os gatos domésticos e pequenos felinos selvagens pertençam à mesma espécie "Felis silvestris", há subespécies de gatos selvagens em muitas regiões do mundo.
A equipe internacional estudou os genes de 979 bichos domésticos e também de alguns dos animais que poderiam ser seu ancestral, originários da Europa, do Oriente Próximo, da África Sub-Saariana e do deserto chinês.
Eles descobriram que cada subespécie do "Felis silvestris" ocupa um grupo geneticamente distinto, ou clade. Alguns dos gatos selvagens do Oriente Próximo e todos os gatos domésticos ficaram na mesma clade.
E sua linhagem é muito mais antiga do que se suspeitava, originando-se há mais de 100 mil anos. Driscoll é rápido em salientar, porém, que os primeiros gatos não eram mantidos como mascotes pelos hominídeos da época.
"Ainda não tínhamos saído da África, não tínhamos domesticado nem nós mesmos, muito menos outras coisas", disse Driscoll.
O'Brien estuda há anos a genética dos gatos, na esperança de descobrir aplicações para a saúde humana. "Gatos são um modelo para doenças genéticas humanas. Gatos são também modelos realmente ótimos para o desenvolvimento cerebral", disse Driscoll.
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