O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi foi condenado ontem a um ano de prisão por fraudes fiscais. Berlusconi ainda pode recorrer da decisão, proferida por um tribunal de Milão, e só será preso após uma decisão final.
A sentença também impede o ex-premiê de ter cargos políticos pelos próximos três anos e obriga os condenados ao pagamento de 10 milhões de euros à Receita Federal. Inicialmente, o político tinha sido condenado a quatro anos de prisão, mas foi beneficiado por uma anistia de três anos com base em lei para diminuir a lotação do sistema prisional do país.
Aos 76 anos de idade, Berlusconi havia anunciado durante esta semana que não concorreria à próxima eleição para primeiro-ministro na Itália, que ocorrerá em 2013.
O caso pelo qual foi condenado começou em 2006, quando o empresário e político ainda exercia o cargo de primeiro-ministro do país, e tem relação com sua empresa de mídia, a Mediaset.
Berlusconi e outras pessoas eram acusadas de participação em um esquema pelo qual inflacionavam artificialmente o preço de direitos de programas de televisão vindos dos EUA.
Os programas eram adquiridos por companhias offshore do grupo e em seguida revendidos à Mediaset, e havia a falsificação de documentos para pagar menos impostos.
O julgamento teve diversas interrupções, especialmente por conta de uma lei, revogada no ano passado, que garantia imunidade ao premiê, e por Berlusconi ter adiado audiências alegando compromissos oficiais.
Também no fim do ano passado, Berlusconi se viu obrigado a renunciar ao cargo de chefe do governo na Itália, abalado pela crise econômica e pelos escândalos de corrupção e de abuso sexual que enfrentou.
Após o anúncio da condenação, ontem, as ações do grupo Mediaset registraram queda de quase 3% na Bolsa de Milão. Berlusconi é o sexto homem mais rico da Itália atualmente e também comanda o poderoso time de futebol AC Milan.
Berlusconi responde a diversos outros processos, dos quais o mais famoso é o relativo ao caso "Rubygate", em que é acusado de incitar a prostituição e de corrupção de menores.
Reação"É uma condenação política e intolerável", protesta ex-premiê
EFE
O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi afirmou que a punição do Tribunal Penal de Milão por fraude fiscal no caso Mediaset é uma "condenação política, inacreditável e intolerável".
"É, sem dúvida, uma sentença política como são políticos os muitos processos judiciais que inventaram sobre mim", disse Berlusconi, líder do conservador partido italiano Povo da Liberdade (PDL). "Sei que não isso não pode continuar assim. Quando não se pode contar com a imparcialidade dos juízes em um país, este país torna-se bárbaro, inabitável e deixa de ser uma democracia. É triste, mas hoje nosso país é assim", acrescentou.
O ex-primeiro-ministro indicou que a condenação em primeiro grau é a confirmação de uma "autêntica e verdadeira sanha judicial, do uso da Justiça com fins políticos" contra ele.
Berlusconi, que definiu a acusação de fraude fiscal vertida contra ele no caso Mediaset como totalmente "fora da realidade", foi questionado sobre se esta condenação tem algo a ver com o fato de que há apenas dois dias anunciou sua renúncia a apresentar-se como candidato do PDL às próximas eleições gerais.
"Não, não existe nenhuma conexão em absoluto. Meus advogados e eu considerávamos impossível uma condenação neste processo", ressaltou o ex-primeiro-ministro, que além dessa sentença de primeiro grau é obrigado a pagar de modo provisório 10 milhões de euros ao Fisco italiano.
Sexo
Berlusconi também é processado em outro caso na Justiça de Milão, na qual é réu por ter favorecido a prostituição de menores e por abuso de poderes quando era premiê. Nesse outro caso, é acusado de te pago para fazer sexo com Kharima el-Marough, uma marroquina que tinha 17 anos quando frequentou as festas na mansão do ex-premiê em Arcore em 2010. Berlusconi nega ter pago por sexo e disse recentemente que as festas em Arcore eram jantares civilizados".
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