Roma (AFP) – A promotoria de Milão pediu nesta sexta-feira que o chefe de governo italiano Silvio Berlusconi e o advogado britânico David Mills sejam julgados por corrupção e falso testemunho, o que representa um duro golpe para a imagem do líder político, a apenas um mês das eleições legislativas, anunciou a imprensa italiana. Além da petição judicial, Berlusconi sofreu outro revés político nesta sexta-feira, quando o ministro da Saúde, Francesco Storace, renunciou ao cargo, por envolvimento num escândalo de espionagem política.

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Esse quadro certamente terá um forte impacto na campanha eleitoral, marcada por grandes tensões entre a coalizão governamental de centro-direita e a coalizão de centro-esquerda ante as eleições de 9 e 10 de abril. As críticas ao governo pela questão "moral", tema de campanha da oposição, recebem um forte impulso num momento em que o líder de centro-esquerda Romano Prodi registra uma vantagem de cerca 4,5 pontos sobre a coalizão no poder.

O pedido de julgamento, que na Itália equivale a um procedimento de acusação, foi antecipado ontem pelos jornais de Roma. Segundo a imprensa, a promotoria considera dispor de elementos suficientes para demonstrar que uma transferência de 600 mil dólares efetuada em 1997 pela Fininvest – holding da família Berlusconi – para uma conta bancária em nome de David Mills, serviu para subornar o advogado, que prestou falsos depoimentos em dois julgamentos, no final dos anos 90, nos quais Silvio Berlusconi era réu.

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O chefe de governo italiano, magnata das comunicações, e o conhecido advogado de negócios britânico, marido da ministra da Cultura, Tessa Jowell, foram ambos acusados pelo tribunal. Os dois estavam ligados ao processo por fraude fiscal na Itália relacionado à compra dos direitos cinematográficos por parte do grupo audiovisual Mediaset, de propriedade de Berlusconi.

Os promotores suspeitam que o preço dos direitos cinematográficos foi artificialmente aumentado e aplicado através de intermediários no exterior, para evitar o fisco italiano.

O pedido da Promotoria deverá ser ratificado posteriormente por magistrados, para as audiências preliminares, para determinar se há elementos suficientes para iniciar um julgamento, o que poderá levar vários meses.

A ministra britânica Jowell e seu polêmico marido Mills anunciaram no sábado passado a sua separação após 27 anos de casamento. A ministra tentava, assim, salvar a sua carreira política e conservar o apoio do primeiro-ministro britânico Tony Blair para seguir no governo.

Tanto Berlusconi como Mills desmentiram em várias ocasiões as acusações. O porta-voz do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, Paolo Bonaiuti, acusou a Promotoria de Milão (norte) de se basear em "teorias falsas, indignas e impossíveis".

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Parlamentares da coalizão de centro-direita reagiram contra a abertura de um novo julgamento de Berlusconi, que seria uma "ofensiva calculada". "Alguns magistrados desistiram de verificar a verdade por puro interesse político", declarou por sua vez Sandro Bondi, coordenador do Forza Italia, partido fundado por Berlusconi.