São Paulo - O premier italiano, Silvio Berlusconi, disse ontem que não renunciará ao cargo devido à investigação sobre alegações de que ele pagou para fazer sexo com uma dançarina de 17 anos. "O quê, vocês estão loucos?", disse Berlusconi quando questionado se iria ceder aos apelos da oposição para que renunciasse. "Estou absolutamente calmo, me divertindo."
Berlusconi enfrenta uma pressão crescente para renunciar depois que magistrados de Milão alegaram que muitas mulheres se prostituíram para o premier, incluindo a dançarina de 17 anos, conhecida como "Ruby, Ladra de Corações".
De acordo com o documento divulgado pelos promotores, um número "significativo" de jovens mulheres se prostituiu para Berlusconi. Eles também suspeitam que o premier tenha permitido que várias delas, em troca de sexo, usassem gratuitamente apartamentos em um condomínio próximo a Milão.
Os promotores enviaram o documento à Câmara para justificar seu pedido de busca e apreensão no escritório de uma pessoa ligada a Berlusconi, acusada de ter feito os pagamentos às mulheres. Uma comissão especial do Parlamento vai decidir nesta semana se acatará ou não o pedido.
De acordo com o documento, Nicole Minetti, funcionária do governo regional da Lombardia e dentista do premier, recrutou "um número significativo de jovens mulheres que se prostituíam com Silvio Berlusconi." Minetti, ex-dançarina que também está sob investigação, nega ter agenciado prostitutas.
"Perseguição"
Berlusconi, de 74 anos, também nega qualquer crime, e se diz vítima de uma perseguição política dos magistrados. No domingo, ele declarou que nunca pagou para fazer sexo, e afirmou viver uma relação estável com uma mulher desde que se separou da sua segunda esposa.
Em 2009, ao apresentar o pedido de divórcio, Veronica Lario disse que não poderia mais conviver com um homem que "sai com menores [de idade]."
O novo incidente ocorre em um momento delicado para Berlusconi, que nos últimos meses perdeu a maioria sólida no Parlamento, após romper com seu aliado Gianfranco Fini. Na semana passada, a Suprema Corte do país derrubou parcialmente um dispositivo legal que garantia imunidade judicial ao premier.
Em nota oficial, o presidente da República, Giorgio Napolitano, admitiu "a perturbação" da opinião pública diante das graves acusações.