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Berlusconi acena após participar de reunião em Roma: premier diz que é alvo de perseguição política dos magistrados | Philippo Monteforte/AFP
Berlusconi acena após participar de reunião em Roma: premier diz que é alvo de perseguição política dos magistrados| Foto: Philippo Monteforte/AFP

Igreja

Vaticano ordenou a bispos não relatarem abusos

Uma carta do Vaticano escrita em 1997 e divulgada apenas ontem pedia que os bispos católicos da Irlanda não relatassem à polícia todos os casos de suspeita de abuso sexual contra crianças.

A revelação pode resultar na abertura de mais processos em todo o mundo contra o Vaticano, que nega qualquer envolvimento no acobertamento dos casos.

A carta, obtida pela emissora irlandesa RTE e fornecida à Associated Press, documenta a rejeição do Vaticano a uma iniciativa da igreja irlandesa de começar a ajudar a polícia a identificar os padres pedófilos.

A mensagem da carta enfraquece as persistentes afirmações do Vaticano de que a igreja nunca instruiu os bispos a sonegar evidências ou suspeitas de crimes da polícia. Em vez disso, o documento enfatiza o direito da igreja de tratar todas as acusações de abusos e de determinar punições internamente e não entregar a questão às autoridades civis.

Integrantes da igreja na Irlanda negaram os pedidos de esclarecimentos sobre a carta feitos pela AP. A RTE informou que recebeu o documento de um bispo irlandês.

Ativistas irlandeses dizem que a carta de 1997 demonstra, de uma vez por todas, que a proteção aos padres pedófilos contra investigação criminal não era apenas sancionada pela liderança do Vaticano, mas era uma ordem da Santa Sé.

O Vaticano argumentou, no caso de dezenas de processos por abusos sexuais nos Estados Unidos, que nunca ordenou às autoridades eclesiásticas que escondessem evidências de crimes.

"A carta é de grande significado internacional, porque mostra que a intenção do Vaticano era evitar o relato dos abusos às autoridades criminais. E, se a instrução se aplica aqui, ela se aplica em qualquer lugar", disse Colm O’Gorman, diretor da divisão irlandesa da Anistia Internacional.

  • A ex-dentista de Berlusconi, Nicole Minetti, acusada de agenciar prostitutas

São Paulo - O premier italiano, Silvio Ber­­lus­­coni, disse ontem que não renunciará ao cargo devido à in­­vestigação sobre alegações de que ele pagou para fazer sexo com uma dançarina de 17 anos. "O quê, vocês estão loucos?", disse Berlusconi quando questionado se iria ceder aos apelos da oposição para que renunciasse. "Estou absolutamente calmo, me divertindo."

Berlusconi enfrenta uma pres­­são crescente para renunciar de­­pois que magistrados de Milão alegaram que muitas mulheres se prostituíram para o premier, incluindo a dançarina de 17 anos, conhecida como "Ruby, Ladra de Corações".

De acordo com o documento divulgado pelos promotores, um número "significativo" de jovens mulheres se prostituiu para Ber­­lusconi. Eles também suspeitam que o premier tenha permitido que várias delas, em troca de se­­xo, usassem gratuitamente apartamentos em um condomínio pró­­ximo a Milão.

Os promotores enviaram o documento à Câmara para justificar seu pedido de busca e apreensão no escritório de uma pessoa ligada a Berlusconi, acusada de ter feito os pagamentos às mu­­lheres. Uma comissão especial do Parlamento vai decidir nesta se­­mana se acatará ou não o pedido.

De acordo com o documento, Nicole Minetti, funcionária do governo regional da Lombardia e dentista do premier, recrutou "um número significativo de jo­­vens mulheres que se prostituíam com Silvio Berlusconi." Mi­­netti, ex-dançarina que também está sob investigação, nega ter agenciado prostitutas.

"Perseguição"

Berlusconi, de 74 anos, também nega qualquer crime, e se diz ví­­tima de uma perseguição política dos magistrados. No domingo, ele declarou que nunca pagou para fazer sexo, e afirmou viver uma relação estável com uma mulher desde que se separou da sua segunda esposa.

Em 2009, ao apresentar o pe­­dido de divórcio, Veronica Lario disse que não poderia mais conviver com um homem que "sai com menores [de idade]."

O novo incidente ocorre em um momento delicado para Ber­­lusconi, que nos últimos meses perdeu a maioria sólida no Par­­la­­mento, após romper com seu alia­­do Gianfranco Fini. Na semana passada, a Suprema Corte do país derrubou parcialmente um dispositivo legal que garantia imunidade judicial ao premier.

Em nota oficial, o presidente da República, Giorgio Napoli­­tano, admitiu "a perturbação" da opinião pública diante das gra­­ves acusações.

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