Depois de sofrer duas derrotas nas urnas, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, superou disputas internas em sua coalizão e, em seu primeiro teste parlamentar após o revés eleitoral, conseguiu nesta terça-feira ganhar um voto de confiança do Parlamento para prosseguir à frente do governo.
O governo de centro-direita de Berlusconi conquistou o apoio da câmara baixa do Parlamento, por uma margem de 24 votos, para adotar medidas que impulsionem o crescimento do país. Ele obteve a vitória graças ao apoio da Liga do Norte, apesar da derrota de aliados em eleições locais e em um referendo no último mês.
A moção de confiança foi endossada por 317 deputados e teve a oposição de 293. Dois parlamentares se abstiveram.
A vitória provavelmente só dará um breve respiro a Berlusconi, que enfrenta forte queda nas pesquisas de popularidade, aliados que não se entendem e uma economia vacilante.
Sua coalizão continua em situação precária. Em troca de apoio a Berlusconi, a Liga, que se mostra cada vez mais frustrada, exige cortes de impostos e o fim da custosa missão da Itália na Líbia.
Ao ser indagado sobre se Berlusconi completaria seu mandato, que expira em 2013, o líder da Liga, Umberto Bossi, disse: "Se ele fizer as coisas certas, sim. Nós já demos a Berlusconi um cronograma."
O líder da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, afirmou que o colapso da coalizão de Berlusconi é apenas questão de tempo. "Estamos um passo mais perto do rompimento da centro-direita, que está ficando cada vez mais próximo", disse ele.
Está previsto que Berlusconi discurse no Senado para apresentar seu programa de governo no restante do mandato, incluindo concessões para aplacar a Liga.
Pode ser que haja uma outra votação na quarta-feira na câmara baixa, para verificar se o governo tem o apoio da maioria.
A agência de classificação de risco Moody's informou na semana passada que poderia reduzir a avaliação da Itália devido a preocupações sobre sua habilidade de reduzir o enorme déficit público, equivalente a cerca de 120 por cento do PIB.
Berlusconi enfrentará um teste ainda maior nas próximas semanas quando terá de adotar medidas que envolvem 40 bilhões de euros (57 bilhões de dólares) para eliminar o déficit orçamentário até 2014 -- tarefa ainda mais árdua num momento em que a Liga reivindica corte de impostos.
Uma série de casos de corrupção, economia debilitada e um escândalo envolvendo Berlusconi com uma prostituta menor de idade abalaram a popularidade do premiê, que agora está no seu nível mais baixo, de 29 por cento de aprovação, segundo o instituto IPR.
A queda do apoio ao governo ficou evidente com a perda no mês passado da prefeitura de Milão, sua forte base no norte. Depois, o governo foi derrotado em referendos sobre energia nuclear, privatização do sistema de abastecimento de água e imunidade de ministros em julgamentos.