Estudantes e trabalhadores incendiaram carros e depredaram prédios em Roma| Foto: Giampiero Sposito/Reuters
Berlusconi escapou por pouco de perder o voto de confiança na Câmara
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Roma - Socos e bofetões entre os deputados dentro do Parlamento italiano, enquanto pelas ruas do centro da capital, Roma, manifestantes incendiavam carros, quebravam vitrines, lançavam bombas de fu­­maça e enfrentavam a pancadaria da polícia.

Esse foi o resultado dos protestos de ontem, que se iniciaram ime­­diatamente após a decisão do Se­­nado e da Câmara dos Deputados de votar a favor da permanência no poder do primeiro ministro, Silvio Berlusconi.

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O premier é impopular em ra­­zão da crise econômica, de acusações de corrupção e de escândalos sexuais (ele participaria de orgias).

O que precipitou o voto de ontem foi a perda do apoio do partido de Gianfranco Fini, presidente da Câmara.

Enquanto o consentimento dos senadores era esperado, o governo passou apertado, com diferença de apenas três votos, na Câma­­ra. Dos 630 deputados, 314 votaram a favor, 311 contra Berlusconi e dois preferiram a abstenção. Es­­sa exígua aprovação não garante a governabilidade pe­­los próximos meses, no entanto.

Roma, cidade blindada

Além da capital, protestos em vá­­rias cidades italianas também pe­­diram a renúncia. Mas a contestação mais violenta ocorreu mes­­mo em Ro­­ma, provocando mais de 90 feridos e levando 41 pessoas a se­­rem detidas.

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Desde o amanhecer, a capital estava blindada por policiais por causa de uma grande passeata que reuniu estudantes, professores, empregados metalúrgicos, vítimas do terremoto de abril de 2009 em L’Aquila e napolitanos descontentes com o problema da coleta do lixo.

Cerca de 100 mil pessoas participaram da manifestação, que co­­meçou pacificamente. O quebra-quebra iniciou-se logo após a apro­­vação dos deputados.

"A Itália não vivia confrontos como este desde os anos 70, quando eu era estudante. Assim que a violência começou, tive que escapar correndo’’, disse Chiara Lom­­bardi, uma das manifestantes.

Berlusconi já contava com o apoio da maioria dos 333 senadores e de fato confirmou o consenso de 165, e 135 votaram contra.

A votação foi decidida por al­­guns deputados da oposição e, so­­bretudo, por três representantes do novo partido de Fini (Futuro e Liberdade). Eles mudaram de po­­sição nos últimos dias e acabaram votando com o governo.

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Os dissidentes foram aclamados pela coalizão de Berlusconi co­­mo salvadores da pátria e vaiados pelos partidos que se sentiram traídos. Logo após a leitura do re­­sultado – interpretado como uma derrota para Fini – começaram os bofetões entre os parlamentares.

O ex-magistrado Antonio Di Pietro, líder do partido de centro-esquerda Itália dos Valores (IDV), denunciou também que Berlus­­coni comprou votos desses deputados em troca de promoções e van­­tagens econômicas.