Roma - Socos e bofetões entre os deputados dentro do Parlamento italiano, enquanto pelas ruas do centro da capital, Roma, manifestantes incendiavam carros, quebravam vitrines, lançavam bombas de fumaça e enfrentavam a pancadaria da polícia.
Esse foi o resultado dos protestos de ontem, que se iniciaram imediatamente após a decisão do Senado e da Câmara dos Deputados de votar a favor da permanência no poder do primeiro ministro, Silvio Berlusconi.
O premier é impopular em razão da crise econômica, de acusações de corrupção e de escândalos sexuais (ele participaria de orgias).
O que precipitou o voto de ontem foi a perda do apoio do partido de Gianfranco Fini, presidente da Câmara.
Enquanto o consentimento dos senadores era esperado, o governo passou apertado, com diferença de apenas três votos, na Câmara. Dos 630 deputados, 314 votaram a favor, 311 contra Berlusconi e dois preferiram a abstenção. Essa exígua aprovação não garante a governabilidade pelos próximos meses, no entanto.
Roma, cidade blindada
Além da capital, protestos em várias cidades italianas também pediram a renúncia. Mas a contestação mais violenta ocorreu mesmo em Roma, provocando mais de 90 feridos e levando 41 pessoas a serem detidas.
Desde o amanhecer, a capital estava blindada por policiais por causa de uma grande passeata que reuniu estudantes, professores, empregados metalúrgicos, vítimas do terremoto de abril de 2009 em LAquila e napolitanos descontentes com o problema da coleta do lixo.
Cerca de 100 mil pessoas participaram da manifestação, que começou pacificamente. O quebra-quebra iniciou-se logo após a aprovação dos deputados.
"A Itália não vivia confrontos como este desde os anos 70, quando eu era estudante. Assim que a violência começou, tive que escapar correndo, disse Chiara Lombardi, uma das manifestantes.
Berlusconi já contava com o apoio da maioria dos 333 senadores e de fato confirmou o consenso de 165, e 135 votaram contra.
A votação foi decidida por alguns deputados da oposição e, sobretudo, por três representantes do novo partido de Fini (Futuro e Liberdade). Eles mudaram de posição nos últimos dias e acabaram votando com o governo.
Os dissidentes foram aclamados pela coalizão de Berlusconi como salvadores da pátria e vaiados pelos partidos que se sentiram traídos. Logo após a leitura do resultado interpretado como uma derrota para Fini começaram os bofetões entre os parlamentares.
O ex-magistrado Antonio Di Pietro, líder do partido de centro-esquerda Itália dos Valores (IDV), denunciou também que Berlusconi comprou votos desses deputados em troca de promoções e vantagens econômicas.
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