Tecnologia
Ministério desenvolve primeira bicicleta elétrica inteligente
Com o objetivo de solucionar o problema do alto número de acidentes envolvendo os maiores de 65 anos, o Ministério de Infraestrutura e Meio Ambiente do país desenvolveu, através do Instituto de pesquisa TNO, a primeira bicicleta elétrica inteligente. A previsão é que seja lançada em dois anos por um preço que oscilará entre os 1,7 mil e 3,2 mil euros por unidade.
"Através de sensores, uma câmera traseira e um sistema de vibração no assento e no guidão, a primeira bicicleta inteligente avisa ao motorista dos perigos iminentes", assinalou o pesquisador do Instituto TNO, Maurice Kwakkernaat, ao jornal holandês Algemeen Dagblad.
A ministra de Infraestrutura e Meio Ambiente, Mélanie Schultz, se mostra satisfeita com o novo protótipo lançado em dezembro. "É importante que as pessoas continuem usando bicicleta, embora sejam idosas. Com a bicicleta inteligente podemos ajudar as pessoas a dirigir com maior segurança", comentou.
Outras medidas, como a redução da velocidade para 25 quilômetros por hora frente ao máximo de 30 quilômetros por hora atuais, foram apresentadas como proposta pelo governo com o objetivo de garantir que o número de lesões por acidentes de bicicleta diminua.
1.700 e 3.200 euros
São os prováveis preços da nova bicicleta que deve ser lançada em dois anos e promete evitar uma série de acidentes com idosos.
25 mil quilômetros
de ciclovia existem na Holanda. Desse total, 580 são asfaltados. Calcula-se que nesse país, que tem registrados 17 milhões de habitantes, há 18 milhões de bicicletas, das quais 1 milhão são elétricas.
Na Holanda a bicicleta é mais do que um meio de transporte, é um estilo de vida que cresce ano a ano e que cada vez conta com mais usuários. Apenas em 2014 foi registrado um aumento de 6,5%, um fenômeno que deu lugar a novas propostas como a bicicleta inteligente e os trilhos sustentáveis.
Em cidades como Roterdã o aumento do uso da bicicleta nos últimos dez anos foi de 60%, explicou o vice-prefeito e vereador de Sustentabilidade, Mobilidade e Organização, Pex Langenberg.
"O aumento do uso da bicicleta em Roterdã é evidente. Mais de 70 mil pessoas utilizam de forma cotidiana este meio de transporte, de modo que prevemos a construção de novas infraestruturas, instalações e serviços para as bicicletas tradicionais e as elétricas, já que se trata de um mercado em alta", explicou. A cidade dispõe para isso de um plano específico para 2015 que está dotado de 2 milhões de euros.
Segundo o estudo de mobilidade anual (Mobiliteitsbeeld) publicado pelo Ministério das Infraestruturas e Meio Ambiente holandês, Amsterdã e Utrecht estão nas primeiras posições em termos do uso desse meio de transporte.
Bike elétrica
O aumento do ciclismo se deve em grande parte ao crescente uso da bicicleta elétrica, com um uso total de 10% da população. Ela é muito popular entre os maiores de 65 anos. Contudo, a parcela da população da terceira idade é a que tem o índice mais elevado de mortalidade devido ao uso desse meio de transporte.
Em 2014, segundo dados registrados até setembro, 184 pessoas perderam a vida por acidente de bicicleta e 745 sofreram algum tipo de ferimento, sendo 124 maiores de 65 anos.
Cidade terá estacionamento com 12,5 mil vagas para bikes
A Holanda também investe em novas infraestruturas e, nesse sentido, em Utrecht, cidade que sediará em 1.º de julho a saída do Tour de France, está sendo construído o maior estacionamento de bicicletas do mundo nas instalações da estação central. Ele terá mais de 12,5 mil vagas e será inaugurado em 2016.
Mas outras infraestruturas também foram construídas em 2014, como é o caso da "Pista Van Gogh", recentemente inaugurada perto de Eindhoven, obra do projetista social holandês Daan Roosegaarde.
"Trata-se de uma pista que conta com um sistema que se carrega durante o dia com luz solar para iluminar à noite de maneira sustentável", explicou Roosegaarde.
"Com essa pista, queremos criar infraestruturas sustentáveis e interativas e apostar nas cidades do futuro que unam tecnologia, beleza, sustentabilidade e que conectem as pessoas com a cidade", acrescentou.
Para Shirley Agudo, fotógrafa americana estabelecida na Holanda há 16 anos que acaba de publicar seu segundo livro sobre a cultura da bicicleta no país, os Países Baixos são "um referencial para o mundo do ciclismo".
"Serve de inspiração para muitos outros países porque não há outro no mundo quem possa ensinar melhor sobre motivação, economia, infraestruturas, sustentabilidade, segurança e saúde vinculados ao mundo da bicicleta."
É por isso que Shirley pretende inspirar e transmitir a mesma fascinação que sente pelo uso da bicicleta na Holanda, "um país que vive e respira ciclismo".