O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou nesta terça-feira (25), após meses de rumores, que concorrerá à reeleição nos pleitos de 2024.
"Quando concorri à presidência há quatro anos, disse que estamos em uma batalha pela alma dos EUA. E ainda estamos", afirmou o presidente americano em um vídeo intitulado "Liberdade", no qual confirmou que concorrerá novamente à presidência do país.
Biden escolheu esta terça-feira, 25 de abril, para oficializar suas intenções porque hoje se completam quatro anos desde que lançou a campanha que o levou à Casa Branca após derrotar o então presidente Donald Trump (2017-2020) nas eleições de 2020.
Na ocasião, Biden também anunciou sua campanha com um vídeo em que prometia unir uma sociedade profundamente dividida e salvar a “alma” da nação, após quatro anos de Trump na Casa Branca.
Desta vez, sua mensagem seguiu linhas semelhantes, mas enfatizando a importância de “terminar o trabalho” iniciado durante seu primeiro mandato com a vice-presidente Kamala Harris, que será novamente sua companheira na disputa de 2024.
Além disso, o democrata alertou para os "extremistas do MAGA" — em referência ao slogan da campanha de Trump, "Make America Great Again" —, expressão que costuma usar para se referir aos legisladores republicanos mais alinhados com o ex-presidente.
"Eles estão se preparando para eliminar as liberdades fundamentais, reduzindo a previdência social que você pagou durante toda a vida, enquanto baixam os impostos para os ricos. Ditando as decisões médicas que as mulheres podem tomar, proibindo livros e dizendo às pessoas quem elas podem amar", advertiu Biden em sua mensagem, mencionando sua campanha pelo aborto nos Estados Unidos.
O presidente, que aos 80 anos é o governante mais velho da história dos Estados Unidos, vinha dizendo havia meses que pretendia concorrer à reeleição. Preocupações com sua saúde e as gafes cometidas por ele durante o mandato têm feito parte dessa discussão, como quando, em sua primeira viagem ao Oriente Médio, ao desembarcar em Israel, ele desceu do avião presidencial e perguntou a seus assessores: “O que estou fazendo agora?”; ou quando leu em um teleprompter, em Washington: "Fim da citação, repita a fala”.
Em texto para o National Review, o colunista Rich Lowry afirma que existe uma grande rejeição ao mandatário: "Se a reação a Joe Biden não é uma rejeição vociferante, ainda é um enfático 'Não, obrigado'. De acordo com a nova pesquisa da NBC News, mais da metade dos democratas e 70% dos americanos não querem que ele concorra à reeleição. Sua idade, é claro, é o principal motivo; não é preciso ser um gerontologista para perceber que um homem de 80 anos e o trabalho mais exigente do planeta não são uma combinação natural".
Lowry continua: "A Casa Branca também entende isso claramente. O presidente Biden é cuidadosamente montado no palco e, às vezes, lembrado desajeitadamente de suas deixas por pessoas com ele em eventos. Suas interações com a imprensa são limitadas, e não são mídias que querem pegá-lo, mas são incrivelmente simpáticas e complacentes".
Segundo o colunista: "Biden quebrou a tradição ao não dar entrevista coletiva durante sua viagem à Irlanda. Ele deu 54 entrevistas em seus primeiros dois anos, de acordo com o New York Times, o menor número desde Ronald Reagan. Ele tem uma média de dez coletivas de imprensa por ano, enquanto Calvin Coolidge – você sabe, Silent Cal – fez cerca de 90 anualmente durante seus dois primeiros anos no cargo".
Ontem mesmo, Biden anunciou que oficializaria a sua candidatura "muito em breve" e reiterou que já tinha tomado uma decisão sobre as eleições de 2024.
Enquanto do lado republicano as primárias prometem ser agitadas, com Trump já confirmado e as prováveis participações do governador da Flórida, Ron DeSantis, e do ex-vice-presidente Mike Pence.
Do lado democrata, Biden parece ter caminho livre. Até agora, apenas duas pessoas declararam sua intenção de concorrer à indicação democrata: o advogado ambiental e ativista antivacina Robert F. Kennedy, sobrinho do presidente John F. Kennedy (1961-1963), e a autora de livros de autoajuda Marianne Williamson.
O Comitê Nacional Democrata endossa totalmente Biden e já disse que não planeja organizar debates de primárias. Inclusive, o Comitê Nacional Democrata mudou o calendário das primárias para atender aos desejos do presidente, dando prioridade à Carolina do Sul, onde Biden ganhou força em 2020, após derrotas retumbantes em Iowa e New Hampshire, tradicionalmente os primeiros estados a votar.
Biden tentou, sem sucesso, conquistar a indicação presidencial democrata em 1988 e 2008. Naquele ano, o candidato democrata e posteriormente presidente Barack Obama (2008-2017) escolheu Biden como vice-presidente e ambos venceram as eleições de 2008 e de 2012.