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Oriente Médio

Biden deixa Arábia Saudita após visita marcada por reunião com príncipe Bin Salman

Biden encerrou sua passagem pela Arábia Saudita depois de participar de uma cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e de se encontrar com os líderes de Iraque, Egito e Emirados Árabes. (Foto: EFE/ EPA/SAUDI ROYAL COURT)

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deixou a Arábia Saudita neste sábado (16), após uma viagem de dois dias marcada pelo encontro com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed Bin Salman, o qual a CIA responsabiliza pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Biden chegou ao aeroporto internacional Rei Abdulaziz, em Jidá, depois de participar de uma cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e de se encontrar com os líderes de Iraque, Egito e Emirados Árabes. O mandatário foi acompanhado até o aeroporto pelo governador de Meca, Khalid Al-Faisal, sobrinho do monarca saudita rei Salman Bin Abdulaziz.

O tema principal da visita foi a reunião de sexta-feira (15) com Bin Salman, a quem Biden saudou com um "soquinho", saudação que se popularizou durante a pandemia de Covid-19. O cumprimento, no entanto, gerou críticas imediatas por contrariar as promessas feitas por Biden durante a campanha eleitoral de 2020, quando se comprometeu a tratar a Arábia Saudita como "pária" no cenário internacional e a fazer os seus líderes pagarem um "preço" pelo assassinato de Khashoggi em 2018 no consulado saudita em Istambul. Pouco depois de chegar à Casa Branca, o presidente revelou um relatório no qual a CIA acusava Bin Salman de ter aprovado a operação que resultou na morte e no esquartejamento do jornalista.

Após a reunião, em entrevista coletiva, o presidente dos EUA se defendeu e assegurou que discutiu o assassinato de Khashoggi com Bin Salman de uma forma "franca e direta", deixando claro que pensava que o príncipe herdeiro era o responsável pela morte. As outras questões que marcaram a visita de Biden foram o programa nuclear do Irã e os apelos de Washington para que a Arábia Saudita e outros países do Golfo aumentem a produção de petróleo para baixar os preços, desencadeados pela guerra na Ucrânia e pelas sanções ocidentais contra a Rússia.

Com a saída de Biden da Arábia Saudita, o presidente conclui a sua primeira viagem ao Oriente Médio desde que tomou posse, em janeiro de 2021. A primeira parada foi Israel, de onde seguiu para a Cisjordânia.

Biden pede liberdade aos povos no Golfo

Durante a cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo, realizada neste sábado (16), na cidade de Jidá, na Arábia Saudita, Biden reiterou o compromisso de seu país com o Oriente Médio e aproveitou para pressionar os líderes do Golfo, alguns de regimes autoritários, para que garantam a liberdade de seus povos.

Com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman sentado ao seu lado, Biden reconheceu que muitos países cometem erros, incluindo os EUA, mas avisou que só aqueles que aprendem com eles podem ficar "mais fortes". "Nenhum país acerta o tempo todo, nem mesmo a maior parte do tempo, e os Estados Unidos também não. Mas o nosso povo é a nossa força. Apenas os países que têm confiança em si mesmos para aprender com os seus erros se tornam mais fortes", disse Biden, acrescentando que a "inovação" dentro dos países vem do respeito pelos direitos humanos, incluindo os direitos das mulheres, e reafirmando a importância de permitir à sociedade "questionar e criticar os seus líderes sem medo de represálias".

"O futuro será para aqueles países que libertarem todo o potencial do seu povo", disse, reiterando o compromisso do seu país com o Oriente Médio e comprometendo-se a não deixar nenhum "vazio" a ser explorado pelos inimigos, como China, Rússia e Irã.

Arábia Saudita adverte EUA sobre imposição de valores

Pouco tempo depois o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, advertiu aos Estados Unidos que tentar impor seus valores sobre os outros "causará reações negativas", ao se referir à fala do presidente americano, Joe Biden, sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018.

"É de suma importância que os valores sejam difundidos através do diálogo. A tentativa de impor valores aos outros não será eficaz, e provocará reações negativas", disse o ministro saudita em entrevista coletiva ao término da cúpula. Farhan chamou o que aconteceu com Khashoggi de um "erro que acontece em qualquer país", e o príncipe herdeiro deixou claro que os EUA também cometeram erros e tomaram medidas para que os responsáveis prestem contas".

"O reino já tomou medidas apropriadas. Deixamos claro ao presidente Biden que no reino o respeito pelos direitos humanos faz parte dos valores fundamentais da Arábia Saudita, de acordo com a nossa fé islâmica e os nossos valores árabes", acrescentando que a Arábia Saudita tem os seus "valores especiais" dos quais se "orgulha". Segundo o ministro, "qualquer Estado vai querer proteger os seus valores, e se os EUA quiserem lidar com países que compartilham os mesmos valores, a lista de países que lidam com ela será muito curta".

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