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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alegou nesta segunda-feira (26) que nem o Ocidente nem a OTAN estiveram envolvidos na tentativa de levante comandada pelo líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, contra a cúpula militar e política russa.
Em suas primeiras declarações públicas sobre o assunto, Biden afirmou em discurso na Casa Branca que estava acompanhando os acontecimentos “hora a hora” com sua equipe de segurança nacional e que falou com aliados por videoconferência para ter certeza de que o presidente Vladimir Putin não os culparia pelo incidente.
“É crucial que estejamos coordenados em nossa resposta e no que fazemos para nos antecipar. Concordamos em garantir que não daremos a Putin nenhum pretexto para culpar o Ocidente ou a OTAN”, disse o presidente dos EUA.
Durante o final de semana, Biden conversou por telefone com autoridades da França, Alemanha e Reino Unido para discutir a situação na Rússia.
“Deixamos claro que não estávamos envolvidos, não temos nada a ver com isso, isso foi parte de uma luta dentro do sistema russo”, acrescentou.
Da mesma forma, Biden falou no domingo (25) com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e anunciou que também poderá falar com ele nesta segunda-feira para “garantir” que ambos tenham a mesma posição sobre o assunto.
“Eu disse a ele que não importa o que aconteça na Rússia, nós, os EUA, continuaremos a apoiar a defesa por parte da Ucrânia de sua soberania e integridade territorial”, destacou Biden.
Além disso, comentou que vai continuar em contato com países aliados para avaliar as implicações do incidente e salientou que “é muito cedo” para chegar a uma conclusão. “Resta saber qual será o desfecho de tudo isso”, ponderou.
Rússia investiga possível participação ocidental
O governo da Rússia, por sua vez, informou que está investigando se serviços de inteligência ocidentais estiveram envolvidos na rebelião do Wagner, segundo revelou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
Em entrevista à emissora de televisão RT, Lavrov declarou que a Rússia “tem estruturas para este fim e lhes garanto que já estão dedicadas a isso”. O chefe da diplomacia russa argumentou que os serviços de inteligência dos Estados Unidos esperavam que o motim fosse bem-sucedido.
“Eu vi como estavam relatando os eventos na Rússia. A CNN em particular, se bem me lembro, relatou que a inteligência dos EUA sabia vários dias antes dos preparativos do motim, mas decidiu não contar a ninguém, aparentemente esperando que a rebelião tivesse sucesso”, declarou.
No entanto, comentou que neste domingo a embaixadora americana, Lynne Tracy, “transmitiu sinais” aos representantes russos “que reforçaram, acima de tudo, que os EUA não estão envolvidos [na rebelião], que ela estava confiante de que as armas nucleares estavam bem e que diplomatas americanos não foram afetados”.
Além disso, destacou que a embaixadora americana “frisou de maneira especial que os EUA partem do princípio de que tudo o que aconteceu é um assunto interno da Rússia”.
O chefe do Grupo Wagner alegou nesta segunda-feira, em suas primeiras declarações após o motim fracassado, que buscava apenas salvar a companhia de mercenários do desaparecimento e não mudar o poder na Rússia.