Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, durante videoconferência na terça-feira (7)| Foto: EFE/EPA/MIKHAEL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN
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Nenhum líder americano com as suas faculdades mentais em dia pressionaria a Ucrânia para permitir que a Rússia tomasse parte de seu território de forma não convencional, em troca da promessa de Moscou de não conquistá-la por meio de uma invasão convencional.

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Joe Biden não é esse tipo de líder. Se a Ucrânia simplesmente fizer mais concessões territoriais aos testas-de-ferro armados da Rússia na conturbada região de Donbass, e se Vladimir Putin fizer a promessa fácil de, em troca, não promover uma invasão com seu próprio exército, Biden consideraria isso um acordo justo.

A ideia traça paralelos assustadores entre Biden, que se imagina um historiador da política externa, e um dos líderes mais fracos do século passado: o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain.

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Poucos dias antes do início da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1939, Chamberlain pensou que podia convencer Adolf Hitler a não invadir a Polônia. Hitler acusou a Polônia de violar acordos sobre os direitos da Cidade Livre de Danzig e da população minoritária de alemães étnicos da Polônia e prometeu autodefesa contra os poloneses. Hoje, Putin acusa a Ucrânia de violar o Acordo de Minsk, que impôs um cessar-fogo em Donbass, prometendo defender a minoria russa na região, enquanto afirma que suas manobras militares são puramente defensivas.

O raciocínio que Chamberlain apresentou a Hitler um dia antes do pacto do Führer com Stalin soa quase como o raciocínio que Biden propõe a Putin mais de oito décadas depois.

Se tal trégua pudesse ter sido arranjada, então, ao final daquele período, durante o qual medidas poderiam ter sido tomadas para analisar e lidar com as reclamações feitas por qualquer uma das partes quanto ao tratamento de minorias, era razoável esperar que condições adequadas poderiam ter sido estabelecidas para negociações diretas entre a Alemanha e a Polônia sobre as questões entre os dois países (com a ajuda de um intermediário neutro, se ambas as partes tivessem achado que isso seria útil).

A comparação não é exagero. O almirante Tony Radakin, chefe do Estado-Maior da Defesa britânica, alerta que uma invasão russa da Ucrânia poderia levar a implicações de segurança mais amplas para a Otan, semelhantes às da invasão de Hitler na Polônia em 1939.

A Rússia violou um acordo de 1993 de não reivindicar território ucraniano - um acordo intermediado pela administração Clinton, com total apoio de Biden como membro sênior do Comitê de Relações Exteriores do Senado, pelo qual a Ucrânia foi persuadida a entregar seu arsenal nuclear da era soviética unilateralmente à Rússia. Em troca, os Estados Unidos e os países da Otan garantiriam a integridade da Ucrânia.

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A invasão e anexação da Crimeia por Putin em 2014 e sua ocupação das áreas separatistas de Luhansk e Donetsk em Donbass quebraram a promessa de 1993.

Biden foi inepto diante de Putin desde que se tornou presidente. Ele comprometeu toda a vantagem que a administração Trump tinha construído contra Moscou. Isso incluiu atender à demanda de Putin por uma renovação incondicional do Tratado de Redução de Armas Estratégicas, sem nenhum controle sobre armas nucleares táticas e a modernização nuclear russa, e suspender as sanções de Trump que poderiam ter interrompido o valioso gasoduto Nord Stream 2 de Putin, entre a Rússia e a Alemanha.

Biden se opôs a todos os grandes esforços para deter a Rússia desde a escalada de armas do governo Reagan na década de 1980.

Reagan compreendeu o valor do petróleo como uma arma. Ele colaborou com os sauditas para reduzir o preço do petróleo para de US$ 7 a US$ 9 o barril em 1986, para arruinar a economia soviética. Ele criticou duramente o esforço soviético de criar um gasoduto até a Europa Ocidental, dizendo em 1982 que isso tornaria a Europa vulnerável aos soviéticos.

Biden se opôs à estratégia de Reagan para derrotar a União Soviética e o Partido Comunista.

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Hoje, com seu extremismo climático e o fechamento do oleoduto Keystone XL na América do Norte, Biden ajudou Putin, contribuindo para um aumento no preço do petróleo e do gás.

Putin saiu da teleconferência desta semana com Biden parecendo ser o vencedor. Biden balbuciou impotentes ameaças de sanções se a Rússia invadir a Ucrânia - uma versão renovada das sanções da era Obama que aproximaram a China e a Rússia.

Biden disse que não tem planos de reforçar as tropas dos EUA ao longo do flanco oriental da Otan ou de vender equipamento militar de defesa para a Ucrânia antes da invasão russa.

Chamberlain mostrou sua irresponsabilidade em relação a Hitler ao entregar a Tchecoslováquia aos nazistas na Conferência de Munique, um ano antes da guerra. Biden é ainda mais frouxo.

A Rússia considera um avanço com 175 mil soldados contra a Ucrânia em várias direções, de acordo com um documento de inteligência dos EUA obtido pelo Washington Post. A inteligência ucraniana informou que os russos transportaram suprimentos de armas, combustível, equipamentos de guerra eletrônicos e drones para o leste da Ucrânia no mês passado. O contingente militar regular russo chegou para reforçar as forças de inteligência, reconhecimento e engenharia militar já localizadas nas repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, apoiadas pela Rússia.

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De acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia, a Rússia usou propaganda para esconder a presença de suas forças dentro das fronteiras da Ucrânia. A Rússia conduziu operações semelhantes na Abecásia e na Ossétia do Sul, regiões da Geórgia ocupadas por suas tropas após o colapso da União Soviética, antes da invasão do país em 2008. As forças russas apoiaram os separatistas nesses territórios para reivindicar soberania, como Moscou está fazendo hoje em Donbass.

A Ucrânia estima que 94 mil soldados russos foram enviados para sua faixa de fronteira. Um vídeo apareceu online em 3 de dezembro, supostamente mostrando equipamento pesado russo sendo transportado por trem para perto da fronteira com a Ucrânia. A Rússia controla duas linhas ferroviárias ao longo da fronteira oriental ucraniana, que usa para enviar suprimentos militares. Equipamentos russos de remoção de minas também foram elencados entre os ativos que os russos levaram para enfrentar os campos de minas defensivas ucranianos. Outro vídeo mostra mísseis antiaéreos BUK russos sendo levados para a fronteira.

Outro relatório, de 5 de dezembro, mostrou movimentos de tropas russas em veículos blindados na Crimeia ocupada, perto da fronteira com a Ucrânia continental. Ele apareceu em um canal do Telegram da milícia Novorossiya. Novorossiya (Nova Rússia) é o nome usado pelos nacionalistas russos, datado da época de Catarina, a Grande, para descrever a região do Mar Negro da Ucrânia.

Caças russos interceptaram caças da Otan no Mar Negro na última quarta-feira, e frotas da Otan e da Rússia no Mar Negro realizaram exercícios simulando ataques entre si.

“As tripulações de aeronaves realizaram bombardeios contra um campo de alvos, disparos de foguetes contra alvos costeiros e navais e atividades de treinamento de combate de perseguição e rastreamento de submarinos inimigos e navios de superfície no Mar Negro durante seu treinamento de combate”, informou a Frota Russa do Mar Negro em um comunicado publicado pela agência de notícias Tass.

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Um relatório publicado no Twitter pelo ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt, que atualmente é co-presidente do Conselho Europeu de Relações Exteriores, sugeriu que a Rússia pode invadir a Ucrânia em quatro direções.

Numa época em que os Estados Unidos e o Ocidente precisam de um Churchill, temos um Chamberlain.

© 2021 The National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.