O presidente dos EUA, Joe Biden, responde a perguntas durante a primeira entrevista coletiva de sua presidência na Sala Leste da Casa Branca em 25 de março de 2021 em Washington, DC.| Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
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As mentiras de Joe Biden sobre sua posição em relação à regra da maioria qualificada de 60 votos no Senado (também chamada de “obstrução”), são tão audaciosas, tão descaradas, tão extraordinariamente falsas que é difícil saber por onde começar. Tendo apoiado a regra por quase cinco décadas, Biden agora diz que a considera uma "relíquia de Jim Crow", que foi forçado a reconsiderar sua utilidade pelo abuso que ocorreu "no ano passado" e "nos últimos 20 anos”, e que ele não tem “expertise em quais são as regras parlamentares e como chegar lá”. Nenhum jornalista que pode se olhar no espelho deveria repetir isso sem riso, escárnio ou descrença.

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Por meio século, Biden foi um dos mais enfáticos defensores da maioria qualificada da história dos Estados Unidos. Ele tem sido tão apaixonado por isso, na verdade, que preferia gritar com as pessoas que discordavam dele. Para Biden, a regra é o Senado, se não o país, e, longe de ser uma relíquia de Jim Crow, foi incorporado ao sistema desde o início.

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"Os constituintes", afirmou Biden, "criaram o Senado como um órgão legislativo único, projetado para a proteção contra os excessos de qualquer maioria temporária", e aqueles que sequer cogitaram a “tomada aberta de poder” que a abolição representaria, não entenderam que eram meramente “guardiães temporários” dessa matéria. Tomar a “opção da maior simples”, argumentou Biden, seria “catastrófico”. Isso destruiria "o senso de jogo limpo da América".

Isso mancharia “a única coisa que este país representa: não inclinar o campo de jogo para o lado daqueles que controlam e são donos do campo”. Pior ainda, abolir a maior qualificada com 50 votos é:

enviar uma mensagem terrível sobre a maleabilidade das regras do Senado. Elas não seriam mais a estrutura dentro da qual cada partido trabalha. Já estou no Senado há muito tempo, e muitas vezes eu teria adorado mudar essa ou aquela regra para aprovar um projeto de lei ou para confirmar um nome pelo qual me apaixonei. Mas eu não fiz, e ficou entendido que a opção de fazer isso simplesmente não estava sobre a mesa. Você lutou em batalhas políticas; fez jogo duro; mas as travou dentro das restrições e exigências das regras do Senado. Apesar da dor de curto prazo, esse entendimento serviu bem a ambas as partes e proporcionou ganhos no longo prazo.

No mesmo discurso, Biden demonstrou domínio das regras do Senado nessa área e chegou a fazer autocrítica por seu papel em alterá-las em 1975. “Não tenho conhecimento de quais são as normas parlamentares e de como chegar lá”? Me dá um tempo.

Simplesmente não há maneira – absolutamente nenhuma – de conciliar a verdade com o que Biden disse ontem. Biden reclamou dos últimos “20 anos”. Mas ele fez o que talvez seja o melhor discurso já feito em defesa da maioria qualificada em 2005 e reiterou sua tese durante a candidatura à presidência em 2020.

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Ele reclamou do número de vezes que a ferramenta foi usada "no ano passado". Mas, “no ano passado”, era seu próprio partido que a estava usando e, mesmo depois disso, Biden ficou feliz em confirmar seu apoio a ela.

Não há maneira mais simpática de expor isso do que dizer que Joe Biden está mentindo. Esta não é uma questão de “ambos os lados”, nem um “desenvolvimento” que deva ser registrado pelo valor nominal. É uma falsidade, uma distorção, um engano.

Quase todos os democratas no Senado estão tentando usar o mesmo truque – isto é, tentando fingir que Mitch McConnell, líder republicano no Senado, que usou a obstrução pela última vez em 2014, é a razão pela qual eles mudaram de ideia sobre isso desde 2017 – mas nenhuma argumentação é mais patentemente falsa do que a de Biden.

As reportagens sobre a primeira conferência de imprensa de Biden deveriam apresentar isso. O presidente não "evoluiu". Ele mentiu. Com Trump, a imprensa costumava se preocupar com esse tipo de coisa.

Charles C. W. Cooke é redator sênior da National Review.

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© 2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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