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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira (31), em discurso para a imprensa, que a "verdadeira decisão" sobre a presença militar do país no Afeganistão passava por se "retirar ou aumentar" o número de tropas após uma guerra que ele descreveu como "interminável".
"Sair em 31 de agosto não foi por ser uma data de fim arbitrária, foi algo projetado para salvar vidas", afirmou Biden em um pronunciamento na Casa Branca um dia após a retirada total das tropas americanas após 20 anos de guerra no país da Ásia Central.
"Eu não queria estender uma guerra eterna", enfatizou.
O presidente dos EUA advertiu que havia apenas uma "verdadeira decisão: retirar ou aumentar" a presença militar.
A saída das tropas dos EUA provocou cenas de desespero e caos no Afeganistão, com milhares de pessoas tentando deixar o país asiático após o movimento Talibã assumir o poder.
O cenário ganhou contornos ainda mais dramáticos com um ataque terrorista reivindicado pelo grupo Estado Islâmico do lado de fora do aeroporto de Cabul na última quinta-feira que deixou ao menos 170 mortos, incluindo 13 militares americanos.
Biden defendeu hoje a retirada das tropas apesar de inúmeras críticas que recebeu tanto dentro dos EUA como da comunidade internacional devido à forma apressada e sem planos de contingência.
Ele insistiu que "não há como terminar uma guerra" e conduzir uma evacuação desta magnitude "sem o tipo de complexidades, desafios e ameaças" que os EUA têm enfrentado.
Em particular, ele chamou a retirada das tropas como "uma das maiores da história" e observou que "nenhuma nação jamais fez algo assim".
Biden afirmou que 120 mil pessoas foram retiradas do Afeganistão e que ainda há "de 100 a 200" americanos que querem deixar o país asiático. Ele prometeu que seu governo continuará a trabalhar para retirá-los.
O presidente americano disse ainda que o fim da guerra marca uma mudança nos rumos da política dos EUA: "O mundo está mudando. Estamos envolvidos em uma competição séria com a China, estamos lidando com os desafios em várias frentes com a Rússia, somos confrontados com ataques cibernéticos e proliferação nuclear", ressaltou ele.