Em uma coletiva de imprensa na noite desta quinta-feira (11) em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a falar que segue na campanha para a eleição presidencial de 5 de novembro. “Não estou nessa pelo meu legado. Estou nessa para concluir o trabalho que comecei”, disse.
O evento despertou grande interesse devido aos questionamentos sobre a saúde mental do democrata e se ele teria condições de seguir exercendo a presidência caso seja reeleito.
Biden iniciou a coletiva com um pequeno pronunciamento sobre a cúpula da OTAN, encerrada nesta quinta-feira em Washington, no qual destacou o apoio dos países da aliança à Ucrânia na guerra contra a Rússia.
“Kiev ainda está de pé, e a OTAN ainda está de pé, mais forte do que nunca”, disse o presidente, que gaguejou, tossiu e ficou com a voz rouca em alguns momentos ao longo da coletiva.
Como havia feito no debate presidencial da semana retrasada, ele acusou seu adversário na eleição de novembro, o republicano Donald Trump, de ter dito ao ditador russo, Vladimir Putin, para “fazer o que quisesse”.
Depois, Biden afirmou que a inflação americana está caindo, que o combate à imigração ilegal está melhor do que na época em que Trump foi presidente e que uma negociação para um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza está tendo “progresso”, mas acusou Israel de ser “pouco cooperativo”.
Perguntado sobre as chances da sua vice, Kamala Harris, vencer Trump caso entre no seu lugar na campanha, Biden cometeu uma gafe, chamando-a de “vice-presidente Trump”. Ele a elogiou, mas disse que é o mais qualificado para ser presidente. “Eu o derrotei [Trump] e derrotarei de novo”, afirmou.
Antes da coletiva, Biden havia cometido outra gafe: na cúpula da OTAN, ao convidar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para discursar, chamou-o de Putin.
Um repórter o questionou sobre o erro. “Você viu algum dano à nossa posição por eu liderar esta conferência? Você já viu uma conferência mais bem-sucedida?”, rebateu Biden.
Biden voltou a sugerir que seu mau desempenho no debate com Trump se deveu a cansaço e ao jet lag (problemas no sono devido a mudanças de fuso horário).
“Em vez de o meu dia começar às 7h e terminar à meia-noite, seria inteligente eu diminuir um pouco o ritmo”, disse o presidente, que afirmou que Trump só está “andando no seu carrinho de golfe, preenchendo seu cartão de pontuação antes de acertar a bola”, e não tem uma agenda lotada como a sua.
Biden alegou que, durante a cúpula da OTAN, nenhum líder europeu da aliança pediu para que desistisse da campanha.
“O que os ouvi dizer é que tenho que vencer. ‘Você não pode deixar esse cara [Donald Trump] vencer. Seria um desastre’”, disse o presidente.
Biden afirmou que realizou recentemente três exames neurológicos extensos, que teriam mostrado que está “em boa forma”, e que é acompanhado por “bons médicos”. “Se algum deles disser que eu preciso fazer um novo teste neurológico, eu faço”, disse.
Desde seu péssimo desempenho no debate contra Trump no último dia 27, Biden sofre pressão de doadores de campanha, órgãos de imprensa e colegas de Partido Democrata para desistir da disputa. Entretanto, por ora, diz que permanecerá na briga pela reeleição.
“Se eu aparecer na convenção [nacional] democrata [em agosto, em Chicago] e disserem que querem outra pessoa, é o processo democrático. [Mas] isso não vai acontecer”, afirmou o presidente.
A entrevista coletiva desta quinta-feira faz parte de uma estratégia da equipe de campanha de Biden de intensificar os contatos com a imprensa, com o objetivo de vender a tese de que ele teria condições de seguir presidindo o país.
Na semana passada, ele concedeu entrevistas a emissoras de rádio e à rede de TV ABC, na qual disse que só desistiria de tentar a reeleição se recebesse uma ordem de “Deus Todo-Poderoso”.