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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs nesta segunda-feira (23) uma nova regulamentação para proibir a circulação de carros fabricados com tecnologia ligada à China e Rússia, de veículos conectados, os quais se comunicam com infraestruturas ou plataformas do fabricante, e veículos autônomos, que circulam sem motorista, algo que na prática significa o fechamento do mercado para todos os novos carros chineses.
Após a publicação da proposta, um período de 30 dias para comentários está aberto para que o público e as partes interessadas, como o setor automotivo, enviem comentários. A meta é que a regra entre em vigor antes de 20 de janeiro de 2025, quando Biden deixa a Casa Branca, de acordo com um funcionário que falou sob condição de anonimato.
A medida é uma resposta às preocupações com a segurança nacional, pois há temores de que empresas chinesas e russas possam acessar dados de motoristas e infraestrutura dos EUA e até mesmo controlar remotamente esses veículos para causar acidentes ou bloquear estradas, disse a secretária de Comércio, Gina Raimondo, em entrevista coletiva por telefone.
“Os carros não são mais apenas aço e metal sobre rodas”, detalhou Raimondo, que advertiu que os módulos Bluetooth, celular, satélite e Wi-Fi dos veículos modernos podem ser vulneráveis a ataques cibernéticos ou manipulação por terceiros.
Atualmente, quase todos os veículos novos em circulação nos Estados Unidos, tanto a gasolina quanto elétricos, são considerados “conectados”. Esses carros são equipados com hardware que permite que eles se conectem à internet ou a serviços em nuvem, compartilhando dados com dispositivos internos e externos ao veículo.
A regra proposta nesta segunda-feira é o resultado de uma investigação que Biden encomendou do Departamento de Comércio em fevereiro para determinar se as importações de veículos chineses representavam um risco à segurança nacional e se era necessário proibir o uso de tais softwares e hardwares em veículos em circulação nos Estados Unidos.
Embora essa investigação inicialmente abrangesse apenas a China, posteriormente foi estendida à Rússia devido ao receio de que o Kremlin pudesse acessar os dados dos EUA por meio de empresas de tecnologia russas, segundo uma fonte do governo que optou pelo anonimato.
Como resultado dessa investigação, concluiu-se que determinadas tecnologias chinesas e russas representam um risco tanto para a infraestrutura crítica dos EUA, incluindo a rede elétrica, quanto para os usuários desses veículos, cujos dados pessoais podem ser comprometidos, desde o local de residência até os destinos para os quais estão indo, como hospitais ou clínicas.
Raimondo disse que essas são “medidas proativas”, pois atualmente há poucos veículos chineses ou russos nas estradas dos EUA.
“O que vimos na Europa é um exemplo do que não se deve fazer. Na Europa e em outras partes do mundo, passamos de poucos veículos chineses para muitos. Conhecemos a estratégia chinesa, portanto não vamos esperar até que o risco seja alto. Vamos agir agora”, observou.
A regulamentação proposta visa especificamente proibir a importação e a venda de veículos de China e Rússia que incluam software ou hardware de comunicação, como Bluetooth, celular, satélite e módulos de wi-fi. Veículos altamente autônomos, ou seja, aqueles que operam sem motorista, também serão proibidos.
Embora a regra entre em vigor em 2025, os fabricantes de automóveis terão algum tempo para se adaptar. As restrições a software entrarão em vigor para os modelos de 2027, enquanto a proibição do hardware começará em janeiro de 2029.
A proposta se aplicará a todos os veículos rodoviários, como carros, caminhões e ônibus, mas excluirá aqueles que não circulam em vias públicas, como veículos agrícolas ou de mineração.
Conteúdo editado por: Fábio Galão