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Biden reorientou política nuclear com foco na China; comunistas expressaram “preocupação”
O presidente dos EUA, Joe Biden| Foto: EFE/EPA/Michael Reynolds

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou em março deste ano um plano estratégico nuclear altamente secreto que, pela primeira vez, reorienta a estratégia de dissuasão americana para se concentrar no arsenal nuclear em rápida expansão da China, informou nesta terça-feira (20) o jornal The New York Times.

O roteiro também busca, pela primeira vez, preparar os EUA para possíveis desafios nucleares coordenados pela China, Rússia e Coreia do Norte.

O documento em questão é atualizado aproximadamente a cada quatro anos e é tão sigiloso que não há cópias eletrônicas, apenas um pequeno número de cópias impressas distribuídas a algumas autoridades de segurança nacional e comandantes do Pentágono.

O Times destacou que o documento deve ser apresentado ao Congresso dos EUA antes que Biden deixe a presidência, em janeiro do ano que vem, ao término de seu mandato.

O documento examina em detalhes se os EUA estão preparados para crises nucleares ou para uma combinação de armas nucleares e não nucleares.

O jornal lembrou que, no passado, a possibilidade de que os adversários dos EUA pudessem coordenar ameaças nucleares para superar o arsenal nuclear do país parecia remota, mas explicou que a “parceria emergente” entre Rússia e China e as armas convencionais que Coreia do Norte e Irã estão fornecendo à Rússia para a guerra na Ucrânia mudaram o pensamento de Washington.

A mudança também é atribuída às ambições nucleares da China. A expansão nuclear comunista está ocorrendo em um ritmo mais rápido do que as autoridades de inteligência dos EUA previram há dois anos, impulsionada pela determinação do ditador Xi Jinping de igualar ou superar o tamanho dos arsenais de Washington e Moscou.

Em outubro de 2023, o Pentágono declarou que a China tinha 500 ogivas nucleares até maio, um número que estava a caminho de ultrapassar as projeções anteriores, e poderia chegar a 1.000 até 2030.

O relatório anual divulgado pelo Departamento de Defesa a pedido do Congresso americano sobre o poder militar da China estimou que esse arsenal continuará a crescer até 2035 e enfatizou que a estratégia militar do regime asiático considera a parceria “ilimitada” com a Rússia como fundamental para seu desenvolvimento como uma grande potência. 

Comunistas expressaram “preocupação” com a notícia

O regime comunista da China, por sua vez, afirmou nesta quarta-feira (21) estar “gravemente preocupado” com a informação publicada pelo Times.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da ditadura da China, Mao Ning, declarou nesta quarta em coletiva de imprensa que o arsenal nuclear chinês “não está no mesmo nível que o dos Estados Unidos”, além de ter assegurado que seus país segue uma política de “não ser o primeiro a usar armas nucleares".

Mao Ning acrescentou que a “teoria da ameaça nuclear chinesa apresentada pelos Estados Unidos” é “apenas um pretexto para fugir de sua responsabilidade no desarmamento nuclear, ampliar o seu arsenal e buscar uma vantagem estratégica”.

Além disso, a China “adere a uma estratégia de autodefesa nuclear”, mantém sempre as suas forças nucleares “no nível mínimo necessário” e “não tem intenção de se envolver em uma corrida armamentista com qualquer país”.

A porta-voz lembrou ainda que "os Estados Unidos possuem o maior e mais avançado arsenal nuclear" e "adere obstinadamente à política de dissuasão nuclear baseada em um primeiro uso de armas nucleares".

“Os Estados Unidos são a maior ameaça nuclear e criador de riscos estratégicos no mundo”, acrescentou Mao Ning, ao mesmo tempo em que instou Washington a “cumprir eficazmente sua responsabilidade de dar prioridade especial ao desarmamento nuclear” e a “continuar a reduzir substancial e substantivamente o seu arsenal".

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