O democrata Joe Biden será o novo presidente dos Estados Unidos e Kamala Harris será a vice. Nesta sexta-feira (6), o ex-vice-presidente americano garantiu os 270 votos no colégio eleitoral com o anúncio de sua vitória na Pensilvânia, de acordo com projeção do Decision Desk HQ, do Vox e da Business Insider. Outros veículos de comunicação ainda aguardam mais dados sobre votos na Pensilvânia para cravar a vitória do democrata no estado e, por consequência, na eleição presidencial.
O democrata, confiante em sua vitória, está planejando dar um discurso na noite desta sexta-feira, informou a CNN.
Biden, que até agora soma mais de 73 milhões de votos, deve tomar posse em janeiro do ano que vem e vai enfrentar grandes desafios – o principal e mais imediato deles é a pior crise de saúde do século – em um país profundamente polarizado, como o próprio resultado das eleições apresentou.
A disputa contra o presidente Donald Trump foi apertada. Desde que a apuração dos votos começou, na noite de terça-feira (3), Biden estava com vantagem no número de delegados, mas levou quase três dias para consolidar a sua vitória no Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados. O presidente Donald Trump ainda tinha chance de conquistar a Pensilvânia, onde tinha uma vantagem de 18 mil votos até a manhã de sexta-feira, mas a contagem das cédulas que chegaram pelos correios acabou colocando um fim às esperanças de reeleição do republicano.
A apuração ainda está em andamento no estado, mas a tendência é de que Biden ainda amplie a vantagem em relação a Trump conforme os votos finais sejam contados. Nas mais recentes atualizações da contagem de votos na Pensilvânia, Biden conseguiu aumentar sua vantagem, levando mais de 60% dos votos anunciados naqueles momentos. Às 14h45, ele tem quase 10 mil votos a mais do que Trump.
Na Filadélfia, maior cidade da Pensilvânia, 40 mil votos ainda não foram contados, mas o que pode parecer uma oportunidade para Trump virar, na verdade, é um indicativo de que o democrata pode ampliar ainda mais sua vantagem, já que cerca de 80% dos votos deste condado foram para o ex-vice-presidente. Foi por esse motivo que o Decision Desk declarou Joe Biden como presidente eleito dos Estados Unidos.
Para alcançar a vitória na eleição presidencial, Biden teve que restabelecer o "blue wall", uma expressão que se refere aos estados que desde a década de 1990 votam em candidatos presidenciais do Partido Democrata. Em 2016, Trump tinha conseguido derrubar essa fortaleza azul ao ganhar nos estados de Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, mas desta vez Biden foi habilidoso o suficiente para reconquistar eleitores destes três estados tão relevantes para a corrida presidencial.
O vice-presidente de Barack Obama e ex-senador concentrou seus esforços de campanha nos estados do Cinturão da Ferrugem onde Hilary Clinton havia perdido para Trump em 2016 –Wisconsin, por exemplo, ela sequer visitou, o que posteriormente foi considerado um erro de estratégia por parte dos democratas.
Biden, com propostas protecionistas na economia, promessa de aumento do salário mínimo e sua defesa dos sindicatos, conseguiu atrair o voto de trabalhadores da indústria que tinha ido para Trump em 2016. Os aliados de Biden o veem como o candidato natural da classe média trabalhadora – muito mais do que Clinton – e isso pode ter ajudado a consolidar a vitória democrata nestes dois estados em 2020. Além disso, analistas acreditam que uma maior participação de eleitores negros nos condados mais populosos de Wisconsin e Michigan também possa ter alavancado a vitória de Biden – seja por mérito do democrata ou retaliação ao governo de Donald Trump.
Biden também está prestes a vencer no Arizona, estado que votou em Donald Trump há quatro anos. De acordo com pesquisas de boca de urna da CNN, o eleitorado jovem, os eleitores brancos com graduação universitária e uma população maior de latino-americanos no estado podem ter ajudado o democrata a construir sua vitória lá. O democrata também deve sair vitorioso na Geórgia, onde a contagem de votos está na reta final.
Trump diz que eleição não acabou
Após a projeção de Joe Biden como vencedor da disputa presidencial, a campanha do presidente Donald Trump, candidato à reeleição, afirmou em comunicado que "esta eleição não terminou", em clara reafirmação da intenção de Trump de contestar o resultado da eleição.
"A falsa projeção de Joe Biden como vencedor é baseada em resultados em quatro estados que estão longe do final", afirma o comunicado, assinado pelo conselheiro geral da campanha, Matt Morgan. "A Geórgia segue para uma recontagem, onde estamos confiantes que encontraremos cédulas coletadas de maneira imprópria". A nota alega ainda que houve "muitas irregularidades" na Pensilvânia, estado onde Biden tomou a liderança crucial para a definição da disputa nesta manhã.
"Biden está confiando nesses estados para sua falsa reivindicação da Casa Branca, mas, assim que a eleição estiver finalizada, Trump será reeleito", conclui a nota.
Em sua primeira manifestação pública após a projeção de vitória de Biden, Trump republicou em seu perfil no Twitter um comentário de jornalista da Fox News dizendo que a Filadélfia, na Pensilvânia, "tem um histórico podre de integridade eleitoral".
Um representante da campanha de Biden respondeu aos comentários de Trump, dizendo que o "governo dos Estados Unidos é perfeitamente capaz de escoltar invasores para fora da Casa Branca", segundo a CNN.
Serviço secreto reforça segurança de Biden
Agentes do serviço secreto americano estão sendo enviados para reforçar a segurança de Joe Biden enquanto sua campanha aguarda a confirmação da sua vitória nas eleições presidenciais americanas e se prepara para um eventual discurso à nação, noticiou o Washington Post.
Além disso, o espaço aéreo sobre a casa do democrata em Wilmington, Delaware, recebeu uma nova "restrição de defesa nacional". A Administração de Aviação Federal (FAA) dos EUA já havia fechado temporariamente o espaço aéreo do local na quarta-feira após as eleições. O aviso de proibição de voo em um raio de uma milha está agora ativo até a próxima quarta-feira de manhã, noticiou a imprensa americana. O FAA também informou que fechou temporariamente o espaço aéreo sobre o local onde Biden deve discursar após a confirmação da sua vitória nas eleições presidenciais.
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