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O presidente americano Joe Biden, de 79 anos, apresentou uma ressurgência de replicação do vírus da Covid-19 após tomar a antiviral Paxlovid, da Pfizer, informou o médico da presidência Kevin O’Connor em nota oficial. Após quatro resultados negativos para o teste de terça a sexta, o teste deu positivo para a presença do antígeno do vírus no fim da manhã de sábado (30).
O’Connor informa que o chefe de Estado não teve reemergência dos sintomas, apesar disso. O “rebote” da infecção aconteceria em “uma pequena porcentagem” dos pacientes tratados com o Paxlovid, que tem dois princípios ativos que atuam em conjunto. No estudo original de desenvolvimento da droga, isso aconteceu com 1% a 2% dos pacientes.
Biden, que havia sido liberado do isolamento por causa dos negativos há três dias, volta a se isolar por mais cinco como preconizam as diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país. Duas viagens presidenciais tiveram de ser canceladas. Antes do teste positivo, ele estava fazendo reuniões na Casa Branca utilizando uma máscara, mas confiante o suficiente para removê-la na quinta-feira durante um encontro com executivos.
O presidente já tomou quatro doses da vacina de mRNA da Pfizer: duas doses logo antes da posse em janeiro de 2021, uma dose de reforço em setembro e outra no fim de março deste ano. A variante ômicron, que agora domina a pandemia com suas subvariantes, é menos letal que as variantes anteriores. Como ela acumula mudanças em seu material genético especialmente em locais utilizados pelo sistema imunológico para neutralizar a doença, é capaz de driblar melhor defesas adquiridas por vacinas ou infecções anteriores.
Em publicação de junho em uma revista médica do grupo The Lancet, pesquisadores suecos compararam em amostra de milhões de indivíduos a imunidade adquirida com infecção prévia (imunidade natural) e a imunidade híbrida, que é combinada com as vacinas. Eles concluíram que a reinfecção e hospitalização de pessoas que tiveram Covid e se recuperaram “permaneceram baixas por até 20 meses”. A vacinação baixou esse risco um pouco mais por nove meses, mas a diferença nos números foi pequena. Os cientistas recomendam que, se houver restrições baseadas em prova de imunidade, a infecção prévia é tão boa quanto a vacinação, e que seria errado presumir que imunizados são só os vacinados.
Vacinas que são “peneiras furadas”, que não impedem infecções, são fonte de preocupação. Em um artigo publicado na revista PLoS Biology em 2015, em que analisaram um vírus que afeta o frango, Andrew Read, da Universidade do Estado da Pensilvânia, e colegas mostraram que vacinas com redução parcial de transmissão do vírus permitem um ambiente de seleção natural que favorece variantes mais letais.