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Atualizado em 24/04/2006 às 20hEm uma nova fita de áudio transmitida pela rede árabe Al Jazeera, Osama Bin Laden acusou os Estados Unidos e aliados europeus de "uma guerra de cruzadas sionista contra o islã." O dirigente da organização terrorista Al-Qaeda condenou as pressões contra o governo palestino do Hamas e acusou os EUA e aliados de explorarem as divergências das tribos no Sudão para tomar o petróleo do país.

Bin Laden pediu um boicote pelos muçulmanos de todo o mundo de produtos americanos, replicando o que aconteceu com os produtos dinamarqueses após a publicação de cartoons considerados ofensivos ao islã na imprensa da Dinamarca.

O governo americano informou horas depois da transmissão que sua inteligência autenticou a fita. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, afirmou que "a liderança da Al Qaeda está em fuga e sob intensa pressão."

Como aconteceu várias vezes antes, Bin Laden transmitiu ameaças num momento em que o presidente Bush está, ele também, sob intensa pressão pelos erros na intervenção no Iraque, pelo número crescente de mortes de militares americanos, já passando de 2.300, incluindo oito neste final de semana. Ele está sofrendo um cerco de militares da reserva e de outros setores para mandar seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, para casa, além de ver sua popularidade despencar para menos de 50%.

Bin Laden continua iludindo a intensa busca promovida pelos Estados Unidos para capturá-lo, escondido, acredita Washington, na região montanhosa da fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. De lá manda suas ameaças que são bem oportunas para Bush, como a que enviou a três dias da eleição americana em outubro de 2004, ameaçando novos atentados contra os EUA, o que imediatamente aumentou a vantagem do presidente republicano nas pesquisas em seis pontos percentuais contra o opositor democrata John Kerry.

Na sua mensagem, Bin Laden se referiu à pressão sofrida pelo grupo Hamas depois que venceu as eleições nos territórios palestinos. "O bloqueio que o Ocidente impõe ao governo do Hamas prova que existe uma cruzada sionista contra o islã. A guerra é responsabilidade conjunta de povos e governos. Enquanto a guerra prossegue, os povos renovam sua lealdade aos seu senhores e políticos e continuam a mandar seus filhos para nossos países lutar contra nós. E mantêm seu apoio financeiro e moral enquanto nossos países são queimados, nossas casas bombardeadas e nossos povos assassinados," disse Bin Laden.

O dirigente da Al-Qaeda também se referiu de maneira crítica ao acordo de paz que pretende encerrar 21 anos de guerra civil no Sudão, país onde ele vivia antes de ser expulso por pressão dos Estados Unidos.

Ele acusou a Grã-Bretanha e os Estados Unidos de explorar as divergências entre as tribos sudanesas, "levando-as a uma guerra cega que destruiu tudo enquanto se preparava para mandar cruzados ocuparem a região e roubar o petróleo." Bin Laden convocou seus simpatizantes no Sudão e na península arábica a se prepararem para "uma longa guerra contra os cruzados no Sudão ocidental." Ele acusou o governo de Cartum de "abandonar a implementação da lei sharia e de negligenciar o Sul." A sharia é a lei tradicional do islã.

Bin Laden criticou também o silêncio do Ocidente sobre a proposta de trégua feita num pronunciamento seu de 19 de janeiro gravado em áudio. "Os políticos do Ocidente só querem o diálogo para ganhar tempo. Eles querem que a trégua seja apenas do nosso lado."

Mais de 200 mil pessoas morreram na região de Darfur, no Sudão, pela violência tribal, fome e doenças. Os Estados Unidos apóiam o deslocamento de uma força de sete mil soldados da União Africana que deve estar pronta no próximo dia 30 de setembro. Enquanto isso a violência come solta na região.

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